Título: Especialistas preveem começo tranquilo
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Globo, 02/11/2010, O País, p. 15

E dificuldades no futuro

SÃO PAULO. A popularidade de Lula e o crescimento da economia garantirão um começo de governo tranquilo para Dilma Rousseff.

A duração da calmaria, no entanto, é a grande incógnita, para especialistas. Duas coisas são dadas como certas: a presidente terá dificuldade para conseguir os níveis de aprovação do seu antecessor e haverá fogo amigo, em razão das alianças heterogêneas. Enquanto isso, na oposição, o PSDB terá de acertar as arestas para decidir se o líder será o candidato derrotado José Serra ou o senador eleito Aécio Neves.

De acordo com o cientista político Fernando Abrucio, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Dilma contará com uma base de apoio no Congresso maior que a de Lula e isso garantirá no mínimo dois anos sem dificuldades: A não ser que aconteça uma grande crise, como o mensalão ou o apagão.

O cientista político Rubens Figueiredo, diretor do Centro de Pesquisas e Análises de Comunicação (Cepac), concorda com a calmaria inicial, embalada pelas taxas de crescimento da economia, mas prevê um futuro turbulento: Os institutos internacionais projetam para os próximos anos um crescimento que é a metade do que estamos tendo agora. E ela não tem o talento de comunicação do Lula. Não vai ter a boa vontade de parte opinião pública ligada às classes mais baixas em razão da identificação.

De acordo com Abrucio, haverá fogo amigo, mas o problema poderá ser contornado com a escolha de bons articuladores.

Os partidos aliados, em particular o PMDB, não vão atacar. A Dilma terá um grande anjo da guarda que se chama Lula.

Para o cientista político Amaury de Souza, José Serra deu sinais de que pensa em disputar as eleições de 2014.

Seu até logo, no discurso da derrota, seria uma das primeiras indicações disso.