Título: Suplicy é barrado ao tentar visitar Dilma
Autor: Jungblut, Cristiane; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 02/11/2010, O País, p. 10

No dia seguinte à vitória, aliados e curiosos movimentam a rua onde petista mora

BRASÍLIA. A rua da casa onde Dilma Rousseff passou sua primeira noite como presidente eleita teve sua rotina alterada a partir das primeiras horas do dia. Primeiro com jornalistas e curiosos, depois com petistas e aliados que foram chegando. Só os mais próximos, porém, tiveram acesso. Logo depois do café da manhã, que tomou sozinha, Dilma começou a receber flores e mensagens. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) decidiu levar pessoalmente seu buquê de flores, sem marcar previamente, mas não foi recebido. A futura presidente estava descansando, informaram os assessores.

De manhã, estiveram na residência de Dilma os assessores mais próximos da campanha, como Fernando Pimentel, José Eduardo Dutra, Antônio Palocci, José Eduardo Cardozo e Marco Aurélio Garcia, entre outros.

Eles definiram os próximos passos da agenda de Dilma, que sairá hoje à noite para alguns dias de descanso até domingo.

Embora barrado, Suplicy acabou faturando com a visita surpresa. Um grupo de estudantes do terceiro ano de arquitetura de São José do Rio Preto, em visita a Brasília, decidiu visitar a rua da presidente eleita.

Ao se depararem com Suplicy, protagonizaram cenas de tietagem explícita, com pose para fotos e muita algazarra: Papito, papito. Ah, moleque, ah moleque!!! gritavam numa referência à forma como o filho de Suplicy, o Supla, chama o pai e a dança do programa Pânico, da Rede TV!.

Suplicy não demonstrou ter se chateado por não ter sido recebido por Dilma: Ela está descansando, é natural. Estou contente, em algum momento eu serei chamado e darei o abraço. Resolvi comprar umas belas flores e vir. Tudo bem, o descanso precisa ser respeitado.

Preocupado com as agruras dos jornalistas, o mineiro Robério Simionatto, de 74 anos, vizinho de Dilma, decidiu ajudar.

Abriu a garagem de sua casa, colocou três mesas de metal, cadeiras, água gelada, copos descartáveis e um ventilador. Emprestou ainda o lavabo.

Tenho esse espírito solidário.

Meu pai também era assim, gostava de conversar com todo mundo contou o vizinho da presidente eleita.

Robério e sua mulher, Cida, votaram em Dilma e acreditam que a presidente eleita poderá fazer um bom governo, se mantiver a política do presidente Lula.

Cida, funcionária aposentada do Ministério da Fazenda, contou que, em vários momentos, titubeou e chegou a pensar em votar em José Serra. Mas que pesou a política do PT de prestígio ao funcionalismo público.

Apesar de vizinhos, os dois nunca encontraram ou viram Dilma pessoalmente. Empregada doméstica há anos na casa de Robério e Cida, Maria José também está curiosa para ver a presidente eleita, mas ainda não obteve sucesso: A rua ficou mais animada.

Eu ainda não vi, espero ver a Dilma, sim.