Título: Palocci chefiará a equipe de transição
Autor: Jungblut, Cristiane; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 02/11/2010, O País, p. 10

Deputado, que volta à função que desempenhou em 2002, dividirá o poder com Dutra, presidente do PT

BRASÍLIA. A presidente eleita, Dilma Rousseff, deve nomear o deputado Antonio Palocci (PTSP) como chefe da sua equipe de transição de governo, com a função de coordenador técnico.

Palocci foi o chefe da transição entre o governo Fernando Henrique e o governo Lula, em 2002.

Mas ele deverá dividir o poder com outros petistas, como José Eduardo Dutra, presidente do PT, que cuidará da coordenação política da transição. A transição poderá custar até R$ 2,8 milhões verba prevista pelo Planejamento no Orçamento da União de 2010 , sendo R$ 1,2 milhão só para salários de até 50 pessoas escolhidas por Dilma.

Da parte do governo deverá ser nomeado um triunvirato para cuidar da transição: o atual ministro da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima; o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo; e, provavelmente, o chefe de Gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho.

Segundo legislação de 2002, que norteou a transição do governo FH para o governo Lula, Dilma tem direito a nomear até 50 pessoas para trabalhar na transição, com salários que variam de R$ 2,1 mil a R$ 11,4 mil, que seria o do chefe da equipe.

A verba é considerada apenas um teto e só será integralmente gasta se os cargos forem ocupados até o fim da transição, ou seja, até 11 de janeiro.

O teto de R$ 2,8 milhões inclui gastos com a sede a ser usada pela transição, gastos de luz, telefone, funcionários de apoio, passagens. O local será mesmo o CCBB sede da transição em 2002 e sede do governo Lula enquanto o Palácio do Planalto esteve em obras.

Além de Palocci, a equipe de Dilma na transição deverá contar com o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP); Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais; e ainda o tesoureiro da campanha, José de Filippi.

O atual secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, é consultor econômico de Dilma mas não necessariamente fará parte oficialmente da equipe.

Apesar de ter aparecido ao lado de Dilma na festa de domingo, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel é dúvida na equipe de transição.

Alguns integrantes do Planalto e do PT acreditam que a participação de Pimentel envolvido nas especulações sobre disputa de poder na campanha e elaboração de dossiês só criaria problemas.

Amanhã, o presidente Lula fará uma reunião para fechar os nomes do governo que cuidarão da transição. Em tese, a Casa Civil é a responsável, mas, na prática, o Planejamento vem atuando em parceria.

Foi preparado um Portal da Transição, que contém relatórios de todas as áreas do governo e que será acessado apenas pela equipe de transição, com senhas especiais.

Anteontem, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, confirmou que o Portal estava pronto. Na verdade, os dados estavam prontos desde 3 de outubro, mas, com a realização de um segundo turno, alguns dados foram atualizados. Houve até reclamação de técnicos acerca dos calhamaços que alguns ministérios enviaram.

A oficialização das equipes, segundo um interlocutor do presidente, só poderá ocorrer depois de formalizado o resultado da eleição. A expectativa é que preenchidas as formalidades já na sexta-feira haja a primeira reunião da transição. Mas o calendário ainda depende desses trâmites legais.

Mas ontem mesmo Palocci já começou a discutir como se dará o processo com o chefe de Gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.

A ideia é que Gilberto que foi o elo da campanha de Dilma com a Igreja Católica faça parte formalmente do triunvirato que responderá pelo governo Lula na transição. Mas Gilberto dizia ontem que isso vai depender de uma conversa final com Lula amanhã.