Título: Dirceu: PMDB terá espaço à sua altura
Autor: Lima, Maria; Camarotit, Gerson
Fonte: O Globo, 02/11/2010, O País, p. 4

Ex-ministro afirma que decisão sobre isso será de Dilma Rousseff

SÃO PAULO. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT), réu no processo do mensalão, afirmou ontem, depois de participar da gravação do programa Roda Viva, da TV Cultura, que o PMDB deverá ocupar o espaço correspondente ao seu peso no governo da presidente eleita, Dilma Rousseff.

O PMDB é segundo partido da Câmara e o primeiro no Senado. Evidentemente ele terá o seu peso correspondente a isso e também à importância do partido, que indicou inclusive o vice, que é o Michel Temer. Mas quem vai decidir como, quando e quanto acho que é a presidente, é ela só.

Segundo ele, Dilma tem a experiência de dois governos de Lula na composição de alianças e nas negociações de importantes projetos: Como nós já fizemos duas vezes, temos experiência, e ela participou tanto em 2003 como em 2007, ela participou depois de todas as negociações, dos projetos mais importantes do governo. Então, ela tem uma longa e forte experiência de trabalhar com os partidos políticos, com as bancadas, com os líderes.

Na gravação do Roda Viva, José Dirceu disse que não pode aceitar o que o candidato derrotado José Serra (PSDB) fez com ele na campanha, afirmando ter sido linchado publicamente antes do seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, afirmou acreditar que o tucano não acabou politicamente e reconheceu valor por ter lutado até o final.

Espero que ele tenha um papel na oposição.

Não espero um país sem oposição.

Não espero que o país viva assim disse.

Na avaliação de José Dirceu, o PSDB e o DEM tem força para fazer oposição mas, a partir de agora, ressalvou, os tucanos vão ter de superar a crise pós-derrota.

Agora é crise no partido porque eles estão praticamente empurrando o Aécio Neves para fora do partido. E quem autoriza isso está querendo que ele saia. Não vai ser tão fácil assim a vida do PSDB e do DEM. Mas eu não subestimo a oposição, porque ela tem força.

Durante o Roda Viva, o ex-ministro afirmou que a oposição tinha a certeza que ia ganhar a eleição de nós e que o governo Lula foi o que mais trabalhou contra a divisão do país, enquanto o discurso da oposição tenha sido, muitas vezes, o contrário. Falando sobre as acusações que responde no STF, disse que, independente do final do processo, vai fazer a sua defesa na sociedade e espera que o seu julgamento, ainda sem data definida, não se transforme no terceiro turno das eleições.

Sem se irritar com o bombardeio de cobranças da bancada de entrevistadores do programa da TV Cultura, ele se disse injustiçado, sem ter o mesmo tratamento que casos semelhantes receberam na imprensa.

Virei um personagem que eu não sou.

Mas estou satisfeito com a solidariedade que recebi nesse país.