Título: BC: alimentos têm alta, mas juros deverão ser mantidos
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 29/10/2010, Economia, p. 34

Banco indica que patamar atual da Taxa Selic é suficiente

BRASÍLIA. O Banco Central (BC), ao mesmo tempo em que chamou mais atenção sobre os preços elevados dos alimentos e piorou suas projeções de inflação, usou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, para reforçar sua convicção de que o cenário é benigno. Ou seja, deixou claro que não vai aumentar a taxa básica de juro (Selic), hoje em 10,75% ao ano, a curto prazo, como defende parte dos agentes econômicos, por enxergarem mais riscos inflacionários. A autoridade monetária, inclusive, chegou a provocar essa ala do mercado, ao afirmar que ela ¿advoga elevação da taxa básica¿.

¿ Em linhas gerais, o BC manteve a ideia de que a Selic a 10,75% é suficiente para manter a inflação na meta ¿ afirmou o economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles, referindo-se ao centro da meta do governo, de 4,5% pelo IPCA, estipulada para 2010 a 2012.

No último dia 20, o Copom decidiu manter a Selic em 10,75% ao ano pela segunda vez seguida, dentro do esperado pelo mercado. Na ata sobre o encontro, o BC voltou a defender que o cenário internacional tem um ¿certo viés desinflacionário¿, por causa da fraca retomada do crescimento econômico em países desenvolvidos, como os Estados Unidos.

Atividade econômica cresce menos, aponta ata do BC Além disso, argumentou que a atividade brasileira tem crescido menos do que o esperado e, nos últimos meses, já está trabalhando praticamente com estabilidade.

Tudo isso, na avaliação da autoridade monetária, faz o contraponto às recentes pressões de inflação puxadas pelos preços dos alimentos. Mais do que na ata anterior, de setembro, o BC agora tratou do assunto.

No texto, argumenta que ¿a volatilidade dos preços dos alimentos desempenhou papel fundamental no comportamento da inflação plena em 2010¿, mas também entende que essa pressão não deve passar do fim deste ano com a volta da normalidade dos preços das commodities e safra agrícola. Ou seja, em 2011, período focado pela atual política monetária, as altas dos preços tendem a ceder. O BC ressaltou ainda que o cenário benigno de inflação vem também dos efeitos da política monetária, das elevações feitas na Selic entre abril e julho e que somaram dois pontos percentuais, ainda não refletidos integralmente na atividade econômica.