Título: Atrasos em Pernambuco
Autor: Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 12/07/2009, Política, p. 5

Monica, Alexandre e Ana esperam R$ 2,5 milhões de projeto com tubarões

É de Brasília Teimosa, bairro pobre da zona sul do Recife (PE), que vem um dos projetos aprovados pela Petrobras. O Centro Escola Mangue, que atua principalmente em educação ambiental, solicitou quase R$ 1 milhão para expandir os trabalhos realizados junto a crianças e adultos de áreas estuarinas, mas ainda não recebeu a verba.

O coordenador geral do projeto aprovado, batizado de Água também é Mar, Alexandre Ramos, disse que preferia não comentar sobre o valor do convênio. ¿Apesar de ser uma concorrência pública, prefiro não falar sobre isso enquanto a verba não é encaminhada para a entidade¿, limitou-se a dizer.

O Centro Escola Mangue existe há seis anos e funciona em galpão alugado por R$ 500 cujas condições são precárias. A estrutura ficou pior após incêndio na madrugada de 29 de junho, provocado por curto-circuito em um ventilador. No currículo, a entidade tem o Prêmio Vasconcelos Sobrinho e o reconhecimento da Sociedade Nordestina de Ecologia. ¿Não nos sentimos na obrigação de cobrar esse dinheiro da Petrobras porque não assinamos o convênio. Portanto, não existe compromisso legal¿, comentou Luciana Silva, presidente do centro. Mas por telefone, a informação era de que a CPI estava atrasando a liberação dos recursos.

O centro trabalha em quatro frentes: alfabetização ambiental, mulheres do mangue, turismo ecológico e replantio de mudas. Entre os principais financiadores estão as prefeituras do Recife, de Tamandaré, o Ibama, a Avina (Bahia) e a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca do governo federal.

Oceanário Quando Pernambuco passou a ser conhecido internacionalmente pelos ataques de tubarão, o Instituto Oceanário começou a se destacar pelas pesquisas em torno do tema. Em dezembro, recebeu aprovação da Petrobras para levar à frente o projeto Pesquisa e Educação Ambiental de Tubarões no Estado de Pernambuco. A ideia é disseminar regras de convivência com os tubarões em áreas delimitadas. Segundo Alexandre Carvalho, presidente do instituto, o dinheiro não chegou, mas já há conta aberta em banco para receber R$ 2,5 milhões.

Um dos principais benefícios do repasse, segundo Carvalho, será a aquisição de material de pesquisa de última geração. A iniciativa aprovada é uma espécie de extensão do Projeto de Pesquisa e Monitoramento de Tubarões na Costa do Estado de Pernambuco (Protuba), hoje desenvolvido com apoio do governo do estado. ¿O convênio do Protuba, no entanto, tem duração de um ano, enquanto o da Petrobras dura 24 meses¿, destacou.

O projeto prevê plano de mídia com inserção de campanhas educativas em rádio e TV, além de marcação de tubarões por satélite e captura seletiva para estudo em laboratório. Na opinião de Alexandre Carvalho, a demora na liberação da verba está dentro dos trâmites normais da estatal. ¿Eles pediram ajustes no projeto e até redução no orçamento. Já reenviamos o material e estamos em contato direto com Petrobras no Rio de Janeiro¿, explicou. Segundo o Instituto Oceanário, o estado contabiliza 50 ataques de tubarão a humanos de 1992 até hoje.