Título: BP volta a registrar lucro seis meses depois de desastre no Golfo do México
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Fonte: O Globo, 03/11/2010, Economia, p. 18

Grupo tem ganho de US 1,8 bi apesar de elevados gastos com derramamento de óleo

ÓLEO QUE vazou no Golfo do México é queimado: custo total da empresa com o acidente chega a US$39,9 bi

LONDRES. Seis meses após a explosão da plataforma Deepwater Horizon, que provocou o maior acidente ambiental da história dos Estados Unidos, o grupo petrolífero britânico BP informou ontem que voltou a ser lucrativo. A companhia encerrou o terceiro trimestre deste ano com lucro líquido de US 1,8 bilhão, após amargar um prejuízo de US 17 bilhões nos três meses anteriores. O resultado representa, no entanto, uma queda de 66% sobre o lucro de US 5,3 bilhões do mesmo período do ano passado, antes da explosão da plataforma que matou 11 pessoas no Golfo do México.

Segundo a BP, o lucro foi possível graças à valorização do preço do barril de petróleo, menores depreciações (termo contábil para a desvalorização de bens de uma empresa) e menos impostos pagos. Concorrentes diretos da BP também apresentaram bons balanços no período, como Exxon Mobil e Royal Dutch Shell.

BP teria lucrado US 5,5 bi sem derramamento

Em comunicado, a empresa explicou que os ganhos aconteceram apesar da inclusão no balanço do terceiro trimestre de uma nova provisão US 7,7 bilhões para gastos com o desastre de 20 de abril, o que eleva a fatura total do acidente para US 39,9 bilhões. Essa provisão prevê pagamentos pelo atraso na colocação da tampa que selou o poço danificado, custos da descontaminação de navios envolvidos na operação e taxas legais e administrativas.

Apesar do elevado custo relacionado ao derramamento de óleo, o diretor-executivo da BP, Robert Dudley, mostrou-se otimista sobre o balanço. ¿Esses resultados mostram que a BP está no caminho certo para se recuperar depois do trágico acidente na plataforma Deepwater Horizon e o derramamento de óleo¿, disse Dudley, em comunicado.

Este foi o primeiro balanço da BP sob o comando de Dudley, que assumiu a diretoria-executiva da empresa no mês passado no lugar de Tony Hayward, que foi amplamente criticado pela forma como lidou com o desastre.

Segundo Dudley, sem o derramamento de óleo, a empresa teria apresentado um lucro líquido de US 5,5 bilhões no terceiro trimestre, o que representaria um aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano passado.

¿ Se olharmos os resultados sem os impactos do derramamento, foi um desempenho encorajador ¿ disse Oswald Clint, analista da Sanford C. Bernstein & Co.

Mas as preocupações sobre processos judiciais relacionados ao derramamento de óleo no Golfo do México permanecem, segundo Kim Fustier, analista do Credit Suisse:

¿ A extensão dos impactos econômicos é um outro fator de incerteza, mas acreditamos que o fundo de US$20 bilhões criado pela empresa para mitigar os danos pode ser conservador.

Em junho, sobre forte pressão, a BP suspendeu pagamento de dividendos aos acionistas. Mas agora reconhece que vai estudar distribuir dividendos em fevereiro.