Título: Pré-sal turbinado
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Fonte: O Globo, 03/11/2010, Economia, p. 17

Sócia britânica da Petrobras eleva em 34% estimativa de reservas de petróleo de Tupi, Iracema e Guará

LONDRES, RIO e CARACAS

Abritânica BG divulgou ontem que revisou as estimativas de volume recuperável de petróleo (que pode ser extraído) para três áreas localizadas na camada do pré-sal da Bacia de Santos, onde a empresa é sócia da Petrobras. De acordo com comunicado da companhia, as áreas de Tupi, Iara e Guará podem ter, juntas, reservas de 10,76 bilhões de barris de óleo equivalente (inclui óleo e gás).

Em relação à estimativa média anterior, que era de oito bilhões de barris para as três áreas, os novos números representam um incremento de 34%.

Para chegar ao novo cálculo, a BG contratou a consultoria Miller and Lents, que teve acesso a todos os dados hoje disponíveis sobre as três áreas. Para Tupi e Iracema, a empresa estimou o volume recuperável de petróleo em 9,14 bilhões de barris de óleo equivalente. Até agora, as projeções apontavam para cinco a oito bilhões de barris. No caso de Guará, onde as estimativas de reservas giravam entre 1,1 bilhão e dois bilhões de barris, a consultoria avaliou as reservas em 1,62 bilhão de barris, ou seja, abaixo do cenário mais otimista. A elevação da projeção total das três áreas, portanto, deve-se à revisão mais otimista para Tupi e Iracem

Estatísticas para campos são incerta

Procurada, a Petrobras não confirmou as novas estimativas. Limitouse a informar que divulgará um comunicado hoje de manhã sobre o assunto.

Segundo a agência de notícias Reuters, analistas do banco Morgan Stanley classificaram a revisão de conversa fiada para atrair manchetes, mas ressaltaram que, caso as estimativas se concretizem e novas descobertas aconteçam, as reservas no Brasil da BG, sozinha, poderiam alcançar cinco bilhões de barris de óleo equivalente. A empresa tem 25% de Tupi e Iracema, ao lado de Petrobras (65%) e da portuguesa Petrogal (10%). Em Guará, a BG tem 30%, a Petrobras tem 45% e a espanhola Repsol, os demais 25%. Fazendo as contas, a parte das reservas que caberiam à BG nas três áreas seriam da ordem de 2,8 bilhões de barris.

Semana passada, o pré-sal esteve no centro dos anúncios feitos pelo setor de petróleo no Brasil. Na quintafeira, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no navio-plataforma em Tupi, em cerimônia que marcou a retirada do primeiro óleo do sistema de produção definitivo de Tupi. Até então, a produção estava em fase de teste, com cerca de 14 mil barris de petróleo por dia, e chegará a cem mil barris diários em 2012.

Na sexta-feira, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) revelou que a área de Libra, também no pré-sal da Bacia de Santos, pode ter entre 3,7 bilhões e 15 bilhões de barris de óleo equivalente, uma mostra de quão incertas são as estatísticas sobre o pré-sal, que ainda representa um grande desafio tecnológico para as empresas.

De acordo com a ANP, o mais provável é que Libra tenha volume recuperável de petróleo de 7,9 bilhões.

Hoje, o Brasil tem reservas provadas de cerca de 14 bilhões de barris de óleo equivalente. Considerando apenas o volume de petróleo, as reservas são de 12,9 bilhões de barris.

Lucro da BG sobe 12% no trimestre

O diretor financeiro da BG, Ashley Almanza, afirmou que as notícias positivas do Brasil levarão a companhia a aumentar a confiança em seu programa exploratório no litoral brasileiro: Esperamos que nossos negócios de exploração e produção cresçam muito fortemente nos próximos anos disse ele.

O diretor-executivo da BG, Frank Chapman, também frisou que a empresa não pretende fazer qualquer mudança em seu programa de desenvolvimento de campos petrolíferos em águas profundas, após o acidente do Golfo do México. Tupi está em águas ultraprofundas, a cerca de 300 quilômetros da costa e abaixo de dois mil metros de profundidade.

A BG também divulgou seu resultado financeiro referente ao terceiro trimestre ontem. O lucro líquido subiu 12% ante igual período de 2009, para US$ 876 milhões.

Ontem, a estatal de petróleo venezuelana PDVSA disse que já tem disponível a contribuição inicial de US$ 400 milhões para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, em parceria com a Petrobras. A PDVSA informou que busca financiamento para o investimento na obra, cujo custo é de US$ 12 bilhões, dos quais a estatal venezuelana deve contribuir com 40%.