Título: A primeira obra do novo Porto
Autor: Bastos, Isabela
Fonte: O Globo, 03/11/2010, Rio, p. 11
Parte da revitalização da área, acesso que tira caminhões de Avenida Brasil será inaugurado amanhã
Oomplicado trânsito da Avenida Brasil está para ganhar um alívio, ao menos na chegada à cidade, no Caju. A prefeitura inaugura, amanhã, o novo acesso de caminhões ao Porto do Rio, tirando daquele trecho da via uma média de 1.300 veículos pesados por dia. Primeira obra concluída dentro do projeto Porto Maravilha, o novo acesso, com três quilômetros de extensão, liga a pista sentido Zona Oeste da Avenida Brasil à área de contêineres e automóveis do porto, passando pela Rua Carlos Seixas, nos fundos do Cemitério São Francisco Xavier. Com isso, os caminhões não precisarão mais seguir até as imediações da Rodoviária Novo Rio para chegar ao cais. Os veículos poderão entrar no Viaduto Ataulfo Alves, em Benfica, e, já na pista sentido Zona Oeste da Brasil, pegar a nova via.
Agentes vão orientar os motoristas
Orçada em R$24 milhões, a obra levou 16 meses para ser concluída. Para orientar os caminhoneiros, a CET-Rio colocará agentes de trânsito no viaduto de Benfica. Alertas também serão colocados em painéis de mensagens variáveis fixos e móveis ao longo da Avenida Brasil. Segundo a presidente da CET-Rio, Claudia Secin, a expectativa é que os caminhoneiros estejam habituados ao novo caminho em uma semana. Para avaliar o impacto da abertura da nova rua, serão feitas medições de tempo no trânsito da região antes e após a inauguração.
¿ O novo acesso irá melhorar bastante o trânsito na Brasil. As medições irão nos mostrar de quanto era essa interferência ¿ explica Claudia Secin.
Para abrir a nova pista, foi preciso construir duas pontes sobre afluentes do Canal do Cunha. Como contorna diversos pátios de contêineres, a rua acabará ainda com um trânsito local que atormentava milhares de motoristas, sobretudo pela manhã, quando é grande a quantidade de carretas no trecho inicial da Brasil.
¿ A falta da alternativa viária fazia com que os caminhoneiros passassem pelas imediações da rodoviária apenas para levar e trazer contêineres do porto até as empresas. Esse trânsito vai se restringir à rua interna ¿ explica o diretor de desenvolvimento da CET-Rio, Ricardo Lemos.
A abertura da via irá facilitar ainda a circulação de caminhões da Comlurb, que passam pela região para chegar à estação de transferência de lixo do Caju. Segundo o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, os caminhões da companhia já utilizavam a Rua Carlos Seixas para chegar à estação.
Enquanto a primeira fase do Porto Maravilha, custeada pela prefeitura, já está em andamento, a segunda etapa, feita em sistema de parceria público-privada (PPP), seguirá um cronograma de obras que vai de janeiro de 2011 até o fim de 2015.
O projeto ambicioso inclui a retirada de parte do Elevado da Perimetral e a implantação de um imenso boulevard, um mergulhão, uma nova avenida e um sistema de veículo leve sobre trilhos (VLT). O passo a passo foi montado para viabilizar o desmonte do trecho de quatro quilômetros da Perimetral ¿ que recebe 85 mil veículos por dia ¿ entre o Arsenal de Marinha e a Avenida Francisco Bicalho.
Nos próximos dois anos, a maior parte das alterações se concentrará em ruas internas da região, que servirão de base para a implantação do Binário, uma avenida com seis faixas. Já em 2011, a prefeitura começa a perfurar também o túnel com três galerias e nove faixas de rolamento que dará lugar ao mergulhão da Avenida Rodrigues Alves e ao túnel de acesso ao Binário, sob a Praça Mauá e o prédio da Polícia Federal. A perfuração não afetará o tráfego, uma vez que os trabalhos se concentrarão, inicialmente, dentro do 1º Distrito Naval.
Para os motoristas, os impactos deverão ser sentidos, sobretudo, no entorno da Rodoviária Novo Rio e no acesso à Linha Vermelha pela Avenida Francisco Bicalho, uma vez que serão construídos, em 2012, três viadutos de ligação do Binário ao Elevado do Gasômetro e à Linha Vermelha.
Dois desses viadutos serão erguidos ao lado da rodoviária e se ligarão a duas alças de acesso, que já existem hoje, entre a Avenida Francisco Bicalho e o Gasômetro, em pontos de atracação ¿ chamados de ¿esperas¿. Um terceiro viaduto será construído, aproveitando outra ¿espera¿ no acesso que começa na Rua General Luiz Mendes de Morais e passa sobre a Avenida Francisco Bicalho, para chegar à Linha Vermelha.
Os três viadutos permitirão que os motoristas que vierem do Gasômetro ou da Linha Vermelha não precisem usar a Avenida Rodrigues Alves ou a Perimetral para chegar ao Centro ou à Zona Sul, podendo optar pelo Binário. Em 2013, o primeiro trecho do elevado ¿ entre a Rodoviária Novo Rio e a Rua Rivadávia Corrêa ¿ será fechado para o desmonte das estruturas.
¿ No trecho do elevado que será interditado, os tabuleiros de concreto serão desfeitos manualmente, e as vigas de aço removidas do local, deixando apenas os pilares. Estes, sim, serão implodidos. Toda a estrutura será protegida para garantir a integridade dos motoristas que estarão passando embaixo ¿ explica Luiz Lobo, diretor de operações da Companhia de Desenvolvimento da Região do Porto (Cdurp).
A primeira parte do desmonte deve ser concluída em 2014, permitindo a reurbanização da Avenida Rodrigues Alves. No mesmo ano dever ser concluído o túnel na Avenida Rodrigues Alves, tendo início o desmanche do elevado entre a Rua Rivadávia Correa e o Arsenal de Marinha, previsto para ser concluído em 2015, juntamente com a urbanização do boulevard que será construído sobre o túnel da Rodrigues Alves.