Título: Com o desafio de mostrar que não é 'Lula de batom'
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 06/11/2010, O Pais, p. 4

"The Economist" diz que Dilma terá que ter identidade Na edição desta semana, a revista britânica ¿The Economist¿ publica reportagem sobre os desafios que a presidente eleita, Dilma Rousseff, enfrentará para provar que tem ideias próprias e que sairá da sombra de Lula.

¿Ela terá de convencer os céticos de que ela não é apenas o Lula de batom¿, diz a revista.

Segundo a publicação, até o momento ela vem lidando bem com a situação. Mas criará um precedente ruim para o Brasil se permitir que Lula permaneça no poder, nos bastidores. Entre os obstáculos citados está a desconfiança de investidores, assim como aconteceu logo após a eleição de Lula, em 2002. Do mesmo jeito que se preocupavam com um ex-líder socialista no poder, eles podem ver com temor o passado de Dilma, que lutou contra a ditadura nos anos 1960. Para confortar os eleitores mais ricos, Dilma descreveu ¿no dia seguinte às eleições seus planos econômicos como `nada que crie ondas ou confusões¿¿, conta ¿The Economist¿.

A revista diz que investidores defendem a permanência de Henrique Meirelles no Banco Central e que estão de olho em Antonio Palocci. Se Dilma escolher Palocci para a Casa Civil ou o Ministério da Fazenda, ganhará a confiança do empresariado, diz ¿The Economist¿. Desde as eleições, Dilma defende responsabilidade fiscal ao mesmo tempo em que apoia gastos sociais com os mais pobres. Para manter as duas promessas, a revista afirma que será preciso ¿cortar gordura das partes do orçamento em que Lula não tocou, como as pensões no serviço público. Mas isso provocaria a ira de sua base e dos sindicatos¿.