Título: Entidades empresariais contra a volta da cobrança da CPMF
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 06/11/2010, O Pais, p. 4
SÃO PAULO. Diversas entidades empresariais se manifestaram ontem contra a recriação da CPMF, por entenderem que o país já tem uma das mais elevadas cargas tributárias do mundo.
O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, candidato derrotado ao governo paulista pelo PSB, anunciou que retomará ¿com mais eficiência¿ a campanha contra a volta da CPMF, da qual foi um dos líderes em 2007, caso seja necessário.
¿ Retomaria na hora. Mas não seria como em 2007 porque teríamos moldes mais aprimorados, mais eficiência ¿ afirmou.
Diante da possibilidade admitida por governadores eleitos e vários políticos ligados ao governo de ser criado um substituto para a CPMF, a Contribuição Social para a Saúde (CSS), Skaf foi irônico: ¿ Ninguém é a favor desse imposto, o CSS, Contra Seu Salário.
CNI se diz ¿completamente contra¿ imposto O presidente da Fiesp disse que toda a sociedade já se manifestou contra a CPMF em 2007, quando foi derrubada pelo Senado, em uma das poucas derrotas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional. Skaf lembra que, além da reprovação no Parlamento, o abaixo-assinado contra o imposto recebeu um milhão de assinaturas: ¿ A sociedade não aceita mais impostos. Ela quer qualidade nos serviços públicos. Precisamos de eficiência, resultados melhores na gestão pública e acabar com o desperdício.
O presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Robson Braga de Andrade, disse que a entidade é ¿completamente contra¿ a recriação da CPMF ou criação da CSS porque não é desta forma que o governo vai resolver os problemas da saúde e sim com a melhoria da gestão.
Ele lembrou que a presidente eleita, Dilma Rousseff, tem falado em redução de impostos, e por isso o empresariado se mobiliza para contestar um novo tributo: ¿ Vamos mostrar que esse não é o caminho. O governo tem de explicar primeiro para a sociedade como é gasto o recurso que ele arrecada, o quanto é gasto na atividade-fim e o quanto é perdido na burocracia.
Para o presidente da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio), Abram Szajman, a retomada da discussão sobre a CPMF é inaceitável: ¿ Esse é o momento de se debater uma reforma tributária mais ampla e não de voltar a falar na criação de um novo tributo.
A retomada desse assunto é inaceitável em um momento de tantas transições políticas e econômicas no mundo todo e de dificuldades para as empresas brasileiras voltadas à exportação.
Segundo ele, a carga tributária ¿extremamente elevada¿ penaliza o sistema comercial.
O presidente da Fiesp disse ainda que não acredita que Dilma aceite esse novo tributo.
¿ Não acredito que a presidente vá aceitar um imposto desses. Ela tem condições de fazer a reforma tributária no começo do governo ¿ disse Skaf.
Consultada ontem, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) afirmou que mantém a posição oficial de quando a CPMF foi extinta, em 2007. Em nota oficial da época, a entidade dizia que não aceitaria a redução de investimentos em políticas sociais nas áreas de saúde, Previdência, assistência social e a desvalorização dos servidores públicos.