Título: Na TV, Lula prega divergência madura
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 06/11/2010, O Pais, p. 10

Em pronunciamento sobre as eleições, presidente diz que, após calor da disputa, governo e oposição devem se respeitar BRASÍLIA. Ao falar ontem, em rede nacional de rádio e televisão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, com o fim das eleições, é preciso haver respeito mútuo entre governo e oposição, com os dois lados divergindo de forma madura e civilizada. Lula lembrou que mais de 106 milhões de eleitores votaram e disse que cabe a todos respeitar a vontade do povo, com os eleitos pondo em prática suas propostas e a oposição tendo liberdade de criticar os governantes.

O presidente finalizou seu pronunciamento ¿ o segundo em cadeia nacional que fez este ano; o primeiro foi por ocasião do Dia do Trabalho ¿ destacando o orgulho de passar a faixa presidencial à primeira mulher eleita presidente no Brasil.

Referiu-se a ela como a ¿companheira Dilma Rousseff¿.

¿ Passadas as eleições, quando é compreensível que o calor da disputa gere confrontos mais duros, é importante que governo e oposição, sem abrir mão de suas opiniões, respeitem-se mutuamente e divirjam de forma madura e civilizada ¿ disse Lula.

¿Oposição deve apontar erros¿

Ao dizer que os eleitos devem ter a liberdade de organizar suas equipe e pôr em prática suas propostas, Lula acrescentou que é desse modo que poderão honrar os compromissos assumidos com a sociedade: ¿ Já aqueles a quem o povo colocou na oposição devem ter a liberdade de criticar e apontar os erros dos governantes, para que possam em eleições futuras se constituir como alternativa.

Quando citou a eleição de Dilma, o presidente também destacou o simbologismo de o primeiro trabalhador eleito presidente do país passar a faixa para a primeira mulher eleita presidente. O simbolismo desse ato, disse, mostra ao mundo que o Brasil tem instituições consolidadas, capazes de absorver mudanças e progressos, sem preconceitos.

¿ Este é um país que aprendeu a duras penas que não há preconceito, por mais forte que seja, que não possa ser vencido e superado por seu povo. Simbolicamente, estaremos proclamando ainda que ninguém é melhor do que ninguém. Não importam as diferenças de origem social, de sexo, de sotaque ou de fortuna. Somos todos brasileiros. E todos devem ter oportunidades iguais, o direito a sonhar com dias melhores e o apoio para melhorar sua vida e a de sua família.

Além de dizer que, como presidente, está orgulhoso do povo brasileiro, Lula também parabenizou a Justiça Eleitoral, que, segundo ele, ¿dirigiu com equilíbrio e competência a disputa¿ e apresentou o resultado horas depois de encerrada a eleição.

Para Lula, todo processo eleitoral se deu em meio a ampla liberdade, com os candidatos expressando suas opiniões e ideias, criticando a de seus adversários, e o povo podendo escolher livremente seus novos dirigentes: ¿ Foi assim, em meio a um amplo debate nas ruas, no trabalho, nas escolas, no rádio, na televisão e na internet, que cada cidadão e cada cidadã, sem qualquer tipo de coação, pôde avaliar candidatos e projetos, firmar convicções e amadurecer seu voto.

O presidente destacou ainda estar convencido de que, nos próximos anos, o Brasil vai se consolidar como uma terra de oportunidades e de prosperidades, transformando-se numa nação desenvolvida.

¿ O Brasil vive hoje um momento mágico, de crescimento econômico, inclusão social, forte geração de emprego, distribuição de renda e redução das desigualdades regionais. (...) Avançaremos mais rapidamente nessa direção, se soubermos qualificar o debate político.