Título: Enem: cartões de resposta têm erros, admite MEC
Autor: Braga, Isabel ; Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 07/11/2010, O País, p. 17
Ministério Público Federal pode pedir que a prova seja anulada; houve problemas também nos cadernos de perguntas
BRASÍLIA E SÃO PAULO. A segunda edição do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ¿ cuja estreia no ano passado foi marcada pelo vazamento da prova ¿ começou ontem com um erro. O cabeçalho dos cartões de resposta inverteu a ordem das provas, informando que as questões de número 1 a 45 tratavam do teste de ciências da natureza, quando o certo seria informar que elas diziam respeito a ciências humanas.
O mesmo ocorreu em relação às questões de 46 a 90: o cabeçalho falava em ciências humanas, mas o correto era ciências da natureza.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo Enem, garantiu que o erro não se repetirá hoje, quando serão aplicadas as provas de língua portuguesa e estrangeira, matemática e redação.
Os participantes do Enem que preencheram a folha de respostas de forma invertida poderão solicitar ao Inep, pela internet, que a correção também seja feita ao contrário. Os pedidos deverão ser feitos a partir da semana que vem, em data ainda a ser marcada, no endereço www.enem.inep.gov.br. Segundo o Inep, os inscritos serão avisados por e-mail ou outra forma, e isso não atrasará o resultado final do Enem, até 15 de janeiro.
¿ Nenhum estudante vai ser prejudicado ¿ afirmou o presidente do Inep, Joaquim José Soares Neto.
Ele disse que a índice de abstenção no 1odia foi de 27%, o que significa que compareceram ontem 3,4 milhões dos 4,6 milhões de inscritos.
Soares Neto disse que só ficou sabendo do problema no cabeçalho depois das 13h, quando as provas já tinham começado. O Inep determinou aos fiscais que orientassem os participantes a seguir a numeração das questões, ignorando o cabeçalho.
Como o Enem foi aplicado em 128.200 salas, espalhadas por 11.646 locais de prova, em 1.698 cidades, Soares Neto admitiu que não pode garantir que a mensagem tenha chegado a todos.
Ele procurou minimizar o problema, destacando que o 1odia do exame transcorreu em clima de ¿absoluta tranquilidade¿: Soares Neto disse que houve registro de outro tipo de falha nas provas da cor amarela. O exame é igual para todos os candidatos, mas, por questão de segurança, a ordem das questões é diferente. Assim, quatro modelos de prova, cada um numa cor, são distribuídos no país. Segundo ele, foi constatado que provas da cor amarela continham uma página do caderno de cor branca.
Ele assegurou que, nos casos em foi detectada a troca, houve substituição dos cadernos.
O MEC confirmou que a troca de cabeçalho ocorreu independentemente da cor da prova e atingiu todo o país. Soares Neto disse que a falha vai ser investigada.
Ele afirmou que não sabe se o erro ocorreu na gráfica, na Cesgranrio e no Cespe.
Após o vazamento em 2009, decorrente do roubo das provas numa gráfica, o MEC reforçou o sistema de segurança e realizou o exame em dezembro, sem incidentes.
A reformulação incluiu a dispensa de licitação para contratar a Fundação Cesgranrio e o Cespe, órgão da Universidade de Brasília (UnB), que são encarregados de aplicar e corrigir o exame.
Um pregão selecionou a gráfica RR Donnelley, considerada de segurança máxima.
O Ministério Público Federal de São Paulo afirmou que deve analisar, segunda-feira, o problema e, se achar necessário, pedir anulação da prova.
¿ O MPF já ingressou com uma ação antes do exame para pedir o cancelamento da prova por causa da proibição do lápis.
Qualquer irregularidade que houver, o MPF pode tomar as medidas cabíveis, visando a defender coletivamente os interessados, assim como fez no caso da proibição do lápis, da borracha e do relógio ¿ disse a procuradora Maria Luiza Grabner.
Segundo ela, o MPF pode investigar o ocorrido mesmo que não seja procurado pelos alunos.
Os gabaritos oficiais do Enem serão divulgados terça-feira.
COLABORARAM: Dandara Tinoco, Lauro Neto, Leonardo Cazes e Marcelle Ribeiro.