Título: Tiririca passa no teste
Autor:
Fonte: O Globo, 12/11/2010, O País, p. 12
Deputado campeão de votos prova que sabe ler e escrever e poderá ser diplomado
SÃO PAULO. Eleito com 1,35 milhão de votos, Tiririca (PR-SP) sabe ler e escrever e será diplomado deputado federal. Ao menos foi isso que o deputado provou ontem no processo que analisa se Francisco Everardo Oliveira Silva, nome do humorista, teria cometido crime ao pedir que outra pessoa preenchesse sua ficha de candidato entregue à Justiça Eleitoral. Em sua defesa, ele alegou que teria contado com a ajuda da mulher em razão de problemas na mão provocados pelos anos de atividades circenses.
Segundo o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), Walter de Almeida Guilherme, em audiência realizada ontem, o palhaço provou ser alfabetizado.
- Ele escreveu tudo o que lhe foi ditado. E soube ler - garantiu o desembargador.
O teste de Tiririca consistiu em escrever três linhas, escolhidas aleatoriamente na página 51 do livro "Justiça Eleitoral - Uma retrospectiva" (2005) e ler dois títulos e subtítulos de reportagens de um jornal.
O que Tiririca escreveu não servirá, porém, como prova no processo que analisa se ele preencheu de próprio punho ou não a ficha de candidato.
- Ele se recusou a fazer perícia, como permite a lei, no sentido de não fornecer dados de autoincriminação -- explicou o presidente do tribunal.
Durante a audiência, que começou por volta das 9h30m e que não havia terminado até as 20h30m, foram ouvidas quatro testemunhas. Uma delas foi o repórter Victor Ferreira, da revista "Época", autor de uma reportagem colocando em xeque a escolaridade de Tiririca. O juiz encarregado do julgamento, Aloísio Sérgio Rezende Silveira, não tinha dado a sentença até o horário. Tanto ele quanto o réu e seus advogados, além do promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, que denunciou Tiririca em 4 de outubro, permaneciam no TRE-SP.
Se condenado, o comediante poderá ser condenado a até cinco anos de reclusão e ao pagamento de multa por declaração falsa ou diversa de documento público para fins eleitorais.
A ação penal não impede a diplomação do deputado eleito, pois, segundo o TRE-SP, ela não afeta seu mandato. Também de acordo com o órgão, a partir da diplomação, prevista para 17 de dezembro, Tiririca passa a ter foro privilegiado e o processo deve ser encaminhado para o Supremo Tribunal Federal (STF).