Título: País cobrará mais de ricos
Autor: Gomes , Wagner e D¿Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 06/11/2010, Economia, p. 29
Objetivo é evitar ações unilaterais
BRASÍLIA. O Brasil vai pedir aos Estados Unidos e à União Europeia (UE) que interrompam suas políticas de contração e gastem mais com incentivos e desonerações fiscais para reativar suas economias, durante a reunião de chefes de Estado do G-20 financeiro (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo), na semana que vem, na Coreia do Sul. Este tema será tão prioritário quanto a guerra cambial promovida por China e EUA, cujas armas centrais são instrumentos que levam à desvalorização progressiva do dólar em relação a outras moedas, como o real.
Segundo um representante do governo brasileiro que participará das discussões, a mensagem a ser levada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros líderes de nações emergentes ao G-20 é que os países ricos precisam dar sua cota de contribuição para ajudar a economia mundial a sair da crise. Na avaliação de Lula e sua equipe, não é mais possível delegar essa tarefa aos países em desenvolvimento, responsáveis por evitar uma quebradeira geral durante a crise financeira que explodiu em 2008.
¿ Não adianta arrumar a casa e desarrumar a casa dos outros. Não temos como ajudar mais. Os ricos precisam acordar ¿ resumiu a fonte.
A expectativa do governo brasileiro ante a reunião de cúpula é que se repita o que aconteceu no fim de 2008, em Washington, quando o G-20 distribuiu uma declaração política demonstrando a disposição de todos em enfrentar a crise.
¿ Queremos a involução do ambiente de cada um por si. Não é uma questão de nós contra eles ¿ afirmou a fonte, acrescentando que a situação atual é fruto de uma recuperação desigual das economias.
Para o Brasil, os EUA estão equivocados ao privilegiarem uma política monetária expansionista, aumentando fluxos de capital para os emergentes. Os países europeus privilegiaram a contração fiscal, desaquecendo as economias da região.
¿ Não dá para tomar medidas unilaterais.
O mundo tem de se mover de forma consensual. Se for no salve-se quem puder, será um desastre ¿ afirmou ao GLOBO o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Segundo o representante brasileiro, a declaração final da reunião do G-20 começará a ser negociada na segunda-feira, antes da chegada dos chefes de Estado.
Pontos inegociáveis são que EUA, Europa e China têm papéis importantes a cumprir.
¿ Americanos e europeus estão juntos, quando consideram que cabe às economias emergentes atuarem, em uma espécie de rotação de demanda ¿ resumiu a fonte.