Título: Serra vence em Nova York e Dilma, em Paris
Autor: Oliveira,, Eliane; Velasco, Suzana
Fonte: O Globo, 01/11/2010, O País, p. 26

Petista ganha também em Madri, Barcelona e Cisjordânia; tucano, em Londres e Israel TÓQUIO, TEL AVIV, PARIS, NOVA YORK, LONDRES e MADRI. José Serra venceu as eleições em Nova York, o maior colégio eleitoral brasileiro fora do país, com 5.715 votos, 71% dos válidos. Dilma Rousseff teve 2.340, o correspondente a 29%. A abstenção foi ainda maior do que a do primeiro turno: dos 21.076 eleitores inscritos, 8.513 compareceram.

No primeiro turno, o índice havia sido de 42%.

A votação aconteceu no centro de convenções Metropolitan Pavillion, na Rua 18, em Manhattan, onde se concentraram as 54 seções. A área do Consulado de Nova York abrange também os brasileiros radicados em Nova Jersey, Filadélfia e nas Ilhas Bermudas.

O índice de abstenção é tradicionalmente alto, segundo o cônsul-geral do Brasil em Nova York, Osmar Chohfi.

Serra também voltou a ganhar em Londres Em Londres, Serra voltou a ganhar, com 1.783 votos, 495 a mais que a petista, ampliando mais de dez vezes a vantagem do primeiro turno. O tucano obteve 53,5% dos votos válidos contra 39% da petista. Os votos brancos chegaram a 127; os nulos, a 131. Cerca de 3.600 dos sete mil eleitores registrados foram às urnas.

Sem surpresa, Dilma derrotou Serra em Paris, com 57%, o equivalente a 1.037 votos , contra 42,7% (772 votos). Ela já tinha vencido no primeiro turno. O advogado Ribeiro e Silva comemorou: ¿ O governo Lula foi o único que abriu diálogo com os expatriados.

A taxa de participação foi de 48%, sete pontos a menos que no primeiro turno. Dos 3.994 eleitores inscritos, 1.921 compareceram para votar nas 11 seções eleitorais. Houve 112 votos nulos e brancos.

Na Espanha, o comparecimento foi um pouco menor do que no primeiro turno em Madri e Barcelona, onde a candidata petista venceu. Na capital espanhola, ela recebeu 697 votos e o tucano, 537, com 41 votos brancos e o mesmo número de nulos.

Já em Barcelona, foram 327 votos para Dilma e 270 para Serra, com 19 brancos e 23 nulos.

Entre os brasileiros que moram na Cisjordânia, deu Dilma na cabeça, com 86,8% dos votos, contra apenas 7,7% para Serra. Já em Israel, o resultado foi oposto: 78,8% dos eleitores escolheram o candidato do PSDB e 17,6%, a petista.

O palestino Rassem Bisharat, de 46 anos, casado com uma carioca, marcou ponto em frente ao prédio, distribuindo santinhos e adesivos da petista.

Ele pendurou uma faixa e dois cartazes com a imagem de Dilma na entrada do local: ¿ Sou brasileiro de coração.

Fui ao Brasil mês passado e peguei material de campanha para distribuir por aqui.

Em Tel Aviv, o comparecimento foi um pouco maior do que no primeiro turno: 109 dos 282 eleitores cadastrados compareceram à única urna da Embaixada do Brasil (no primeiro turno, o número foi 96).

Milhares de brasileiros que vivem no Japão enfrentaram ontem um dia frio e úmido para votar. Resultados parciais divulgados no fim do domingo (manhã no Brasil) indicavam a vitória de Serra, repetindo o resultado do primeiro turno. Os brasileiros formam o terceiro maior grupo de estrangeiros no Japão, depois de chineses e coreanos, e ao contrário de outros países, como os EUA, todos são imigrantes legais. O número de pessoas aptas a votar, que transferiram seu domicílio eleitoral, ainda é baixo se comparado ao tamanho da comunidade brasileira ¿ são 267 mil imigrantes e cerca de 11 mil eleitores ¿ mas vem crescendo nos últimos anos.

¿ Provavelmente não vou voltar para o Brasil, mas a gente nunca deixa de ser brasileiro ¿ diz Sueli Guchi, que vive há 17 anos no Japão. ¿ Aqui tenho assistência médica de graça, por isso nem posso pensar em voltar a meu país, mas não vou me naturalizar japonesa e tenho família em São Paulo. É minha obrigação participar desse processo.

Havia ontem 35 locais de votação para os brasileiros, espalhados por sete províncias.

Desde 2006, o número de eleitores foi multiplicado por 11.

O vice-cônsul em Tóquio, Gustavo Sachs, acredita que muita gente resolveu transferir o título depois que os consulados anunciaram que seria necessário estar em dia com a justiça eleitoral para renovar o passaporte. Na noite de ontem, quando foram divulgados os votos das seções eleitorais de Tóquio e Nagoia, Serra tinha mais de 5 mil votos, contra cerca de 1.500 de Dilma. No primeiro turno, o candidato do PSDB venceu com 51% dos votos válidos.

¿ Votei porque quero estar com minha documentação certa. Mesmo vivendo longe do Brasil, é muito importante escolher o governo, porque isso afeta a nossa vida também no exterior ¿ diz o operário Mack Willy, descendente de japoneses que vive no Japão há 15 anos e votou em Dilma.

Votação em Tóquio foi tranquila, sem filas No Consulado Geral do Brasil em Tóquio a votação foi tranquila, sem filas. Empresas voltadas para os decasséguis ¿ comunidade muito afetada pelas demissões em massa dos últimos dois anos ¿ aproveitavam para divulgar seus produtos. O vice-ministro parlamentar das Relações Exteriores, Ikuo Yamahana, visitou o consulado para conhecer o sistema eleitoral brasileiro e elogiou a rapidez do voto. O comparecimento às urnas foi alto, apesar do mau tempo e da distância das seções ¿ os brasileiros no Japão vivem espalhados, em geral concentrados próximos a grandes fábricas.

No primeiro turno já havia sido recorde: 63%, bem acima da média de 45% que marca o comparecimento dos brasileiros no exterior.

Claudia Sarmento, Daniela Kresch (especial para O GLOBO), Deborah Berlinck, Fernanda Godoy, Fernando Duarte e Priscila Guilayn