Título: Destaque na imprensa do mundo inteiro
Autor: Oliveira,, Eliane; Velasco, Suzana
Fonte: O Globo, 01/11/2010, O País, p. 26

El país analisa conjuntura política, e ¡®NYT¡¯ e ¡®Guardian¡¯ listam problemas que a nova presidente ter¨¢ que enfrentar

Mesmo antes dos resultados das eleições presidenciais, os sites dos principais jornais do mundo já estampavam ontem a foto de Dilma Rousseff em suas seções de notícias internacionais, destacando as pesquisas que davam vantagem de 10% a 15% de Dilma sobre José Serra, atribuída à alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O espanhol ¿El País¿ foi o jornal europeu que mais deu destaque às eleições no Brasil, com manchete na capa do site.

Além de fazer um histórico da trajetória política de Dilma e listar seus desafios, como a maior parte da imprensa estrangeira, o órgão fez uma análise da conjuntura política à espera da futura presidente, que terá maioria na Câmara e no Senado, devido às alianças do PT, e encontrará uma ¿oposição reforçada, porque mantém o poder nos três estados mais importantes do país¿ (o que exclui o Rio) e porque ¿novos políticos se destacam, como Aécio Neves, exgovernador de Minas Gerais, que pode ser chefe da oposição no Senado e herdeiro de Serra¿.

O jornal também citou a provável volta do deputado Antônio Palocci ao governo.

O site do americano ¿The New York Times¿ afirmou que Dilma não é uma ¿cópia carbono¿ de Lula e encontrará problemas ainda não solucionados pelo presidente: ¿enfrentar o baixo nível de educação, melhorar a saúde e o saneamento deploráveis para milhões e transformar o Brasil no tipo de nação desenvolvida que ele prevê estar se tornando¿. O jornal relembrou o passado político de Dilma, ¿mais radical¿ do que o de Lula, mas sustentou que, apesar de defender maior interferência do Estado na economia, ela não pretende ¿radicalizar o governo¿.

Os desafios de Dilma também foram ressaltados pelo britânico ¿The Guardian¿, como a supervalorização do real, o alto índice de homicídios, o aumento do consumo de crack e cocaína e a necessidade de investimentos em infraestrutura e educação, ¿urgentes para sustentar os níveis de crescimento¿ do Brasil. O jornal também chamou atenção para o fato de Dilma, uma ¿ex-rebelde marxista¿, que ¿fez cirurgia plástica para aumentar seu apelo¿, ser a primeira mulher presidente do país. Em bem-humorados comentários no site do ¿Guardian¿, internautas desejaram aos brasileiros um destino melhor do que eles tiveram com a sua governante do sexo feminino, Margaret Thatcher.

O francês ¿Le Monde¿ também lembrou o passado de oposição à ditadura militar e tortura de Dilma, citando sua reputação de ¿dama de ferro¿.

O fim da campanha foi destaque do argentino ¿La Nación¿, que ressaltou a agressividade que a disputa tomou no segundo turno, com escândalos de corrupção, ataques à imprensa e polêmica sobre aborto e casamento homossexual.

No twitter, Chávez diz que Dilma é ¿giganta¿ Um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na América Latina, o líder venezuelano Hugo Chávez já tratava a candidata petista Dilma Rousseff como nova presidente do Brasil no fim da manhã de ontem. Em seu twitter, Chávez mencionou a morte de Néstor Kirchner, chamou a viúva do ex-presidente argentino, Cristina, de ¿giganta¿ e a comparou com Dilma.

¿ E Cristina se transformou em uma giganta! Hoje chega Dilma à Presidência do Brasil. Será outra giganta! ¿ disse Chávez.

Idealizador do chamado ¿socialismo do século XXI¿, o presidente da Venezuela sempre atuou como cabo eleitoral de Lula, nas duas últimas eleições.

Certa vez, Lula fez chegar a Hugo Chávez, por meio de assessores, que o apoio público do líder bolivariano em reuniões de cúpula costumava atrapalhá-lo.

A expectativa é que Dilma dê continuidade à atual política externa, que segue o eixo Sul-Sul, com a tentativa de integração entre os países pobres e em desenvolvimento.

Chávez e outros presidentes latino-americanos da linha bolivariana sabiam que uma vitória tucana poderia significar não o fim do alinhamento na região, mas uma relação menos intensa. ¡ö