Título: Mesmo mudo, Lula rouba a cena e pede votos para Dilma
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 30/10/2010, O País, p. 10

Em clima de festa, presidente percorre ruas de Recife

RECIFE e SÃO PAULO. Aclamado por milhares de pessoas nas ruas de Recife, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva roubou a cena na festa organizada para marcar o encerramento da campanha da candidata petista, Dilma Rousseff - que estava no Rio para o debate da Rede Globo. Os participantes entoavam "Lula, guerreiro, do povo brasileiro". Parecia até antecipação de uma possível campanha presidencial em 2014.

O clima nas ruas da cidade era de histeria coletiva, durante uma caminhada que percorreu três quilômetros. O presidente desfilou em carro aberto ao lado do governador Eduardo Campos (PSB). Lula deveria ter ido a Recife na quinta-feira, para um comício de encerramento, mas a visita foi adiada porque ele viajou à Argentina para o velório do ex-presidente Nestor Kirchner. Como, pela legislação eleitoral, não poderia haver comício ontem, Lula participou da manifestação em silêncio. Ainda assim, teve uma recepção apoteótica de milhares de pessoas, que, com bandeiras, cartazes e flores, tentavam falar com o presidente.

Do alto de uma caminhonete, Lula abriu um pequeno cartaz com o nome da candidata. Depois, usou um chapéu de vaqueiro branco. Em seguida, ganhou uma sombrinha com a bandeira de Pernambuco, símbolo do frevo, principal ritmo do carnaval recifense. Abriu uma bandeira do Brasil e ganhou flores. A cada gesto, a multidão aplaudia. O percurso foi feito em uma hora, marcado por aplausos, chuvas de papel picado e velhas palavras de ordem da militância como "O povo unido jamais será vencido" e "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula, Dilma, Dilma".

Um frevo executado durante a caminhada dizia "Depois do cara a gente vota na coroa. A gente quer gente boa. Deixa o Lula sair, deixa a Dilminha entrar, porque assim o Brasil não vai parar", dizia um frevo executado durante a caminhada. Populares se expressavam como podiam. Um cartaz escrito à mão por um militante dizia: "O Vaticano tá de olho contra o aborto. Não podemos abortar o projeto político iniciado por Lula. Vote Dilma".