Título: Dossiê: bancário alega que se enganou
Autor: Maltchik, Roberto; Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 30/10/2010, O País, p. 12
Conta de Eduardo Jorge teria sido confundida com a de outro cliente do BB
BRASÍLIA. Em depoimento à Polícia Federal, o servidor do Banco do Brasil Márcio Vinícius Alves afirmou que acessou por engano os dados bancários do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira. As operações ocorreram na agência do banco em Maricá (RJ). Os dois acessos aos dados do tucano foram em 26 de março. O servidor atualmente está lotado em agência do BB em Niterói.
No depoimento, o servidor argumenta que recebeu uma reclamação de um cliente ¿repassada pela telefonista da agência, questionando um depósito não creditado¿.
As informações do suposto cliente reclamante foram passadas ¿em um pedaço de papel, com o nome, agência, conta e valor do depósito¿. Porém, ao fazer o acesso, verificou que o nome informado não batia com o correntista cuja conta foi acessada, no caso, Eduardo Jorge. A advogada do tucano, Ana Luísa Pereira, acusa o servidor de ter realizado acesso imotivado: ¿ Não há a menor dúvida de que foi um acesso imotivado. O Banco do Brasil está obrigado a investigar a fundo e de maneira definitiva os motivos pelos quais as informações da conta corrente do meu cliente foram acessadas em Maricá.
O BB informou que, até o momento, ¿as informações sobre acessos realizados à conta do cliente Eduardo Jorge não configuram quebra do sigilo, são compatíveis com rotinas bancárias e, por tais motivos, não exigem novas providências por parte do BB¿. O banco ainda ¿reitera o zelo pela integridade e segurança das informações de quem mantém relacionamento com a instituição¿.
Na quarta-feira, a PF recebeu ofício da agência de viagens Primus, que presta serviços ao jornal ¿Estado de Minas¿ e foi responsável pela emissão das passagens do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, de Belo Horizonte para São Paulo. As viagens ocorreram nas datas em que dados fiscais de tucanos foram violados em delegacias da Receita em Mauá (SP) e Santo André (SP).
No ofício, a agência informa que Marcelo Oliveira, funcionário do ¿Estado de Minas¿, comprou os bilhetes para Amaury.
Porém, indica que Marcelo não prestava serviços só ao jornal, mas também ¿comprava passagens e serviços para diretores e funcionários quando em viagens particulares¿. Diz ainda que Amaury pagou pelas passagens.
O empresário Benedito Oliveira, um dos donos da empresa de eventos Dialog, prestou depoimento ontem, em Brasília, ao delegado Hugo Uruguai, que investiga a quebra do sigilo fiscal de tucanos. O empresário participou, em abril, de uma reunião sobre a formação da equipe de inteligência da pré-campanha de Dilma Rousseff. Ele negou participação em irregularidades.
Também prestou depoimento ontem, na PF, o assessor da Casa Civil Gabriel Boavista Laender ¿ este no inquérito da Polícia Federal sobre o suposto envolvimento da ex-ministra Erenice Guerra em tráfico de influência no governo federal. Ex-advogado da Unicel, uma das empresas investigadas, Laender não deu entrevistas.