Título: Consumo de combustível bate recorde no país
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 18/11/2010, Economia, p. 23

Diretor da Petrobras defende ampliação da capacidade de refino para atender demanda

Nunca antes neste país se consumiu tanto combustível como agora. O ritmo forte da economia fez com que a demanda de combustíveis registrasse um aumento de 10% de janeiro a outubro deste ano, em relação a igual período do ano passado, batendo todos os recordes históricos do Brasil. O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, informou ontem que, pela primeira vez, o consumo de combustíveis crescerá a uma taxa bem superior à variação do Produto Interno Bruto (PIB), estimada em 7% para 2010. Por isso, afirma o executivo, a construção de novas refinarias no país é necessária.

- É um consumo extraordinariamente alto. O consumo de combustíveis sempre cresceu um ponto abaixo do PIB - explica Costa.

Até outubro, o consumo de gasolina no ano cresceu 18%, enquanto o de querosene de aviação (QAV) aumentou 15%, e o de óleo diesel, 10%. O executivo atribuiu o incremento no consumo de derivados à inclusão das classes de menor poder aquisitivo, como C, D e E, no mercado consumidor.

Para atender à alta na demanda, a Petrobras vem aumentando as importações de alguns derivados de petróleo. É o caso do óleo diesel, cujas compras do exterior aumentaram em mais de 108 mil barris diários.

Costa destacou que o forte crescimento na demanda de combustíveis, que poderá continuar pelos próximos anos, mostra que foi acertada a decisão da Petrobras de aumentar seus investimentos na ampliação da capacidade do refino no país no período de 2010 a 2014. Alguns especialistas têm criticado a estatal pelo aumento dos investimentos em refino em detrimento da produção de petróleo.

Até 2014, a companhia prevê um total de US$68,4 bilhões de investimentos na atividade de refino, dos quais 41% na expansão da capacidade, com a construção de quatro grandes novas refinarias. Com esses investimentos, a capacidade de refino da Petrobras saltará dos atuais 1,8 milhão de barris por dia para 2,2 milhões de barris em 2014 e 3,2 milhões de barris em 2020.

Combustíveis para exportação podem ficar no mercado interno

O executivo admitiu que, se o consumo continuar crescendo acima do PIB nos próximos anos, as novas refinarias em construção poderão ser insuficientes para atender plenamente o mercado doméstico

- Se o PIB nos próximos anos seguir a tendência deste ano, vai faltar refino para atender o mercado brasileiro - destacou.

As projeções da Petrobras para o atendimento do mercado consideravam, na próxima década, o crescimento do PIB de 4,1% e o de combustíveis, de 3,4%.

A refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, começa a produzir numa primeira etapa 230 mil barris diários em fins de 2012, e as demais unidades começam a operar nos anos seguintes. O diretor da Petrobras afirmou que, se for necessário, os combustíveis que serão produzidos nas refinarias Premium do Ceará e do Maranhão, que seriam voltados para a exportação, poderão ser destinados para atender o mercado interno. Costa ressaltou ainda que, sem as novas refinarias, o país irá aumentar as importações de derivados a partir de 2014.

- Se não fizéssemos essas novas refinarias, em 2014 o país estaria importando 230 mil barris diários de diesel, e 150 mil de nafta.