Título: Caos no exame faz surgir novo grupo estudantil
Autor: Martin, Isabela; Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 10/11/2010, O País, p. 3
Movimento dos Vestibulandos Ativistas Sem Enem (Mova-se) quer a volta do concurso tradicional
Enquanto a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Nova Organização Voluntária Estudantil (Nove) se posicionam contra a anulação do Enem 2010 e a favor do fortalecimento do exame, alunos do 3oano do Colégio Notre Dame, de Ipanema, criaram ontem o Movimento dos Vestibulandos Ativistas Sem Enem (Mova-se), cuja principal bandeira é acabar com a prova nacional como forma de acesso às universidades. Em apenas um dia, eles já mobilizaram mais de 300 estudantes em redes sociais como Facebook, Twitter e Orkut, e estão marcando uma passeata para a próxima segunda-feira, com concentração às 15h, no Posto 8.
¿ Queremos a volta dos vestibulares tradicionais e que o Enem passe a ser usado apenas como instrumento de avaliação do ensino médio e das escolas ¿ defende Matheus Trotta, candidato a uma vaga no curso de relações internacionais.
¿ Em 2009, houve o vazamento, e este ano foi a segunda e última chance. Foi um voto de confiança desperdiçado pelo MEC e pelo Inep, que se mostraram incapazes de realizar um exame de tamanho porte. Quem garante que não vai haver novos problemas no ano que vem? ¿ perguntou Thaís Guimarães, de 17 anos.
Em meio à incerteza quanto ao futuro do exame este ano, os candidatos têm opiniões divergentes sobre a anulação do Enem 2010. Enquanto uns são partidários da realização de nova prova, outros ameaçam até entrar na Justiça, se a anulação for a solução encontrada.
¿ Fui bem no Enem e não quero que haja outra prova. Entrarei na Justiça porque me sentirei prejudicada. Estou preocupadíssima, pois não sei se estou preparada para a prova da UFRJ, e minha nota no Enem será melhor ¿ explicou Taís Campos, estudante do Pensi, que quer estudar economia na federal.
As provas da UFRJ acontecem nos dias 15 e 21 deste mês, e a universidade reservou 60% das vagas para o Enem e apenas 40% para o vestibular tradicional. Concorrendo a uma vaga em medicina pela terceira vez, Julia Lima, estudante do curso A_Z, também é contrária à anulação do exame, que até provocou dores musculares por causa de estresse.
¿ Se anular, será mais cansativo ainda, e muita injustiça ¿ opinou a vestibulanda.
Colega e concorrente de Taís, Vítor Magalhães, de 24 anos, que foi prejudicado pelo erro no cartão de respostas na prova de sábado, ameaça entrar na Justiça se o exame não for anulado.
¿ Marquei 12 questões erradas por informações desencontradas dos fiscais e fui completamente prejudicado. Sou totalmente a favor da anulação da prova e, se não houver outra, vou entrar com um recurso ¿ disse o estudante.