Título: Dilma tentará impor teto para gastos
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 10/11/2010, O País, p. 12

Segundo ministro Paulo Bernardo, proposta também é de reduzir meta de inflação, permitindo baixar os juros

BRASÍLIA. Ao mesmo tempo em que o futuro governo quer aumentar gastos com salário mínimo e Bolsa Família, segundo confirmou ontem o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a presidente eleita, Dilma Rousseff, tentará impor um teto para os gastos, de forma a abrir espaço para investimentos, como antecipou O GLOBO semana passada.

O novo governo terá ainda como objetivo estratégico a redução da meta de inflação, fixada em 4,5% do IPCA há anos e que orienta a política de juros.

Segundo Paulo Bernardo, é possível fazer no governo Dilma essa diminuição da meta de inflação, que conta com apoio da maior parte da equipe econômica atual, no Banco Central e no Ministério da Fazenda.

O ministro explicou ontem que a meta é reduzir o crescimento das despesas correntes do governo, inclusive com funcionalismo, para um patamar abaixo da evolução do Produto Interno Bruto (PIB). Hoje, as despesas aumentam mais do que o crescimento da economia. Ele acredita que, em quatro ou cinco anos, o controle permitirá dobrar o volume de investimentos ¿ hoje em torno de 1% do PIB.

No caso da inflação, Paulo Bernardo ressaltou que isso seria analisado em 2012, já que as condições macroeconômicas para 2011 estão definidas. Em 2010, a meta prevista é de 5,2% ¿ programada pelo Planejamento ¿ e fixada em 4,5% na proposta orçamentária para 2011.

A redução da inflação é importante para que Dilma cumpra a determinação de baixar os juros reais (descontada a inflação) no futuro, para cerca de 2%. Mas o próprio ministro explicou que a queda é algo para acontecer a longo prazo e não numa ¿carimbada¿, a partir de janeiro.

¿ A redução da meta é um objetivo estratégico. Não é para agora. Mas dá para fazer (no governo Dilma). Se quisermos levar o juro real para dois pontos percentuais, é bom começar a trabalhar para levar a inflação para dois, para três pontos.

Despesas cresceram 12,1% de janeiro a setembro

No caso da redução dos gastos públicos, Dilma ainda tem reservas e pediu para analisar estudos do Planejamento. Segundo dados do Tesouro, as despesas correntes tiveram crescimento real de 12,1% entre janeiro e setembro, comparado ao mesmo período de 2009. Mas a principal preocupação é o aumento dos investimentos, segundo Paulo Bernardo. No Orçamento de 2011, estão previstos R$ 51,44 bilhões.

Este ano foram R$ 58,11 bilhões, sem as estatais.

¿ Com o controle dos gastos correntes, podemos, em quatro ou cinco anos, quase dobrar a parcela de investimentos, elevando em mais um ponto percentual. E Dilma quer ver essas simulações.

Em conversa com Dilma, o ministro lembrou que uma ação neste sentido é aprovar no Congresso o teto para o aumento de gastos com pessoal.

COLABOROU: Patrícia Duarte