Título: Licitação teve problema
Autor: Alencastro , Catarina
Fonte: O Globo, 09/11/2010, O Pais, p. 4
Os problemas com as provas do Enem 2010 começaram bem antes da realização do exame, quando o processo de seleção da gráfica escolhida para imprimir o material foi parar na Justiça. Dona da menor oferta para o serviço (R$ 65 milhões), a gráfica Plural foi desclassificada por não atender a critérios de segurança e sigilo exigidos.
A Plural recorreu à Justiça Federal e conseguiu uma liminar.
O MEC recorreu e ganhou.
A Plural foi afastada. A segunda colocada no pregão eletrônico, a V.M.I Artes Gráficas, que propunha o valor de R$ 70 milhões, foi desclassificada por não atender aos critérios da licitação. A vencedora foi a terceira colocada: a gráfica RR Donnelley Moore, que havia inicialmente proposto imprimir o material por R$ 71 milhões. Após negociação durante o pregão, o preço baixou para R$ 68,8 milhões, quase R$ 4 milhões a mais do que o oferecido pela Plural.
Para justificar a escolha da empresa que cobrava mais pela impressão, o MEC explicou que, além do menor preço, também eram exigidos atestados de capacidade técnica, requisitos de segurança do prédio e experiência em eventos do mesmo porte.
O edital pedia às empresas uma superestrutura que garantisse que os textos ali impressos não seriam violados, como aconteceu ano passado, quando uma cópia da prova do Enem vazou na Plural durante a impressão. A violação do sigilo resultou na suspensão do exame.
O atraso prejudicou parte dos 4,1 milhões de alunos inscritos no Enem de 2009, já que algumas faculdades e universidades desistiram de usar o exame como forma de ingresso.
Para evitar que isso voltasse a acontecer, este ano a licitação obrigava a empresa vencedora a ter vigilância por câmeras, portarias blindadas e guardas.