Título: Pesquisas indicam vitória de Dilma
Autor:
Fonte: O Globo, 31/10/2010, O País, p. 3

Datafolha dá vantagem de 10 pontos da petista sobre Serra nos votos válidos, e Ibope, de 12 RIO e BRASÍLIA

Foi uma campanha que oficialmente começou em julho, mas que na verdade já se arrasta desde o ano passado, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a pôr a máquina pública a serviço da construção de sua candidata, Dilma Rousseff (PT). O embate que acaba hoje fica marcado também como um dos mais sujos dos últimos tempos, com jogadas rasteiras e a volta de discursos conservadores, em meio a escândalos de corrupção. Mas hoje, após essa maratona eleitoral, o Brasil escolhe entre Dilma e o candidato da oposição, José Serra (PSDB). Pesquisas divulgadas ontem pela Rede Globo mostraram vantagem de dez pontos (Datafolha) a 12 pontos (Ibope) para a petista. Se confirmados esses números hoje nas urnas, Dilma Rousseff, de 62 anos, será a primeira mulher presidente do Brasil.

No Datafolha, a petista oscilou um ponto para cima nos votos totais, indo de 50% para 51%. Nos votos válidos (excluindo-se nulos, em branco e eleitores indecisos), ela foi de 56% para 55%. No Ibope, Dilma manteve os 52% das intenções de voto, ou 56% dos válidos.

Já Serra, segundo o Datafolha, foi de 40% para 41% dos votos totais, e de 44% para 45% dos válidos. No Ibope, o tucano oscilou de 39% para 40% nas intenções de voto, e de 43% para 44% dos válidos.

Considerando-se apenas os votos válidos, a vantagem de Dilma sobre Serra caiu de 14% para 12% no Ibope, e de 12% para 10% no Datafolha.

Até ontem, quando as pesquisas foram realizadas, havia de 3% (Ibope) a 4% (Datafolha) de eleitores ainda indecisos. E 5% no Ibope e 4% no Datafolha estavam dispostos a anular ou votar em branco.

A margem de erro é de dois pontos.

As pesquisas foram encomendadas pela Rede Globo com O Estado de São Paulo (Ibope) e Folha de S.Paulo (Datafolha).

O vencedor de hoje terá o desafio não só de superar a radicalização do segundo turno como também de enfrentar inúmeros e sérios problemas do Brasil real. Há um outro país que precisa ser tirado dos trilhos da informalidade, que movimenta R$ 600 bilhões por ano, montante que poderia resultar numa arrecadação de R$ 200 bilhões para investimentos em áreas prioritárias como saúde e educação, por exemplo. Problemas como esses estarão à mesa do próximo presidente, que será, pela primeira vez, um economista, seja Dilma ou Serra.

Para além das estatísticas e do marketing, os desafios do país também podem ser traduzidos nas cartas que 26 brasileiros, de diferentes regiões, escreveram ao futuro presidente e que O GLOBO publica nesta edição. Nos textos, eles falam de esperança, contam de suas dificuldades cotidianas e cobram ações nas áreas de segurança, saúde e emprego.

Analfabeta, a vendedora ambulante Teresa Batista da Silva ditou sua carta. Moradora da Cidade de Deus, no Rio, Carla Regina dos Santos pediu mais recursos para a habitação e remédios a R$ 1. E fez uma convocação: que o país acorde e se levante do berço esplêndido.