Título: Os últimos atos do presidente Lula
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 31/10/2010, O País, p. 17

Com fim da campanha, inaugurações de obras e viagens nacionais e internacionais estarão na agenda oficial

BRASÍLIA. A partir desta segundafeira, com sua candidata Dilma Rousseff eleita ou não, o presidente Lula terá de descer do palanque e reassumir o comando do país até 31 de dezembro.

Na mesa do presidente há assuntos urgentes para serem decididos, mas ele já disse que vai continuar viajando pelo país e inaugurando obras até o último dia de mandato, além dos compromissos internacionais. Já no próximo domingo, Lula embarca para Maputo, onde deve inaugurar a fábrica de medicamentos contra a Aids construída em parceria com o governo de Moçambique.

Até o fim do ano estará em outros nove países.

O presidente já demonstrou em eventos públicos a dificuldade de conviver com os últimos dias de mandato. No Rio, ele anunciou que vai fazer uma grande inauguração no dia 31 de dezembro, na véspera de passar a faixa presidencial. A lista de sugestões de obras a serem inauguradas estão chegando ao gabinete do presidente, mas a tendência é que ele saia de cena, no último dia de governo, com um ato envolvendo um marco do governo, como a transposição do São Francisco ou o pré-sal.

A lista de inaugurações nos próximos dois meses é extensa: escolas técnicas e universidades, trechos das ferrovias NorteSul e Transnordestina, as eclusas da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, e usinas no Sul do país Candiota (RS) e Foz do Chapecó (SC).

Lula já disse aos assessores que não abre mão de inaugurar a ponte dos quilombolas, sobre o Rio Ribeira do Iguape, em Ivaporunduva (SP). Ele defende a construção da ponte desde a década de 90 e chegou a negociar com o então governador de São Paulo Mário Covas. Quando assumiu a Presidência, a construção foi colocada como questão de honra. A inauguração ocorreria em agosto, mas foi cancelada por causa do mau tempo.

Nesses dois meses, o presidente também deverá cumprir promessas: por exemplo, voltar à reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, onde esteve em abril. Em dezembro, participa da última reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão criado por ele e composto de representantes da sociedade.