Título: R$ 360 milhões para alavancar pesquisas
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Fonte: Correio Braziliense, 14/07/2009, Brasil, p. 12

Ministério da Ciência e Tecnologia anuncia a liberação de recursos que começam a ser repassados este ano e vão até 2012. Dinheiro deve custear obras e novos equipamentos

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, investirá R$ 360 milhões para melhorar a infraestrutura de 119 instituições públicas de ensino superior no país. São, ao todo, 345 projetos de criação, modernização e recuperação de laboratórios voltados para a pesquisa acadêmica. As propostas passaram pelo crivo da Finep, numa chamada pública do Programa de Infraestrutura (Proinfra), aberta em 2008, e começam a receber os benefícios em breve. Quem anunciou o resultado da seleção foi o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, ontem, durante uma reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Manaus (AM).

Segundo o ministro, esse é o maior volume de recursos disponibilizados pelo programa que, de 2001 a 2007, investiu R$ 819,7 milhões no setor. Do total do montante, 36% serão destinados às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Rezende não detalhou quanto será repassado aos demais estados, mas ressaltou que a maior parte do dinheiro custeará, basicamente, pagamento de despesas com obras e aquisição de equipamentos. A liberação dos recursos, que começa em 2009, prossegue até 2012.

Apresentaram propostas à chamada pública 160 instituições, mas apenas 119 foram qualificadas. Um dos projetos apoiados pelo Proinfra este ano será o Centro de Ensino e Pesquisa em Ciências da Antártica e Mudanças do Clima, criado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esse é o primeiro centro na América do Sul voltado exclusivamente para o ensino e pesquisa dos processos atmosféricos ¿ que pode ajudar o Brasil a compreender melhor fenômenos que culminam em desastres, como a cheia recente no Amazonas.

Estudos inéditos

Outro projeto que chama a atenção é o Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica, que será aperfeiçoado pela Universidade Federal de Pernambuco com os recursos da Finep. O projeto inclui a construção de um espaço para reunir pesquisadores do setor de insumos estratégicos para a saúde, com atenção especial a medicamentos, como antiinflamatórios, antidiabéticos e anti-hipertensivos.

O estado do Amazonas, onde ocorre a reunião do SBPC este ano, teve quatro projetos aceitos, que receberão R$ 13,2 milhões. Os recursos serão aplicados no setor de pesquisa da Universidade Federal Rural da Amazônia, da Fundação Universidade do Amazonas, do Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas e do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia.

UnB recebe 2,5% do total

A Universidade de Brasília (UnB) abocanhou R$ 8,7 milhões do Programa de Infraestrutura (Proinfra) da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O montante representa 2,5% do total distribuído pela chamada pública e será repassado para investimento em nove projetos das mais diversas áreas. O que recebeu o maior valor ¿ de R$ 1,8 milhão ¿ diz respeito a uma pesquisa sobre geofísica aplicada. Em seguida, na lista de financiamentos mais robustos, vem a aquisição de um magnetômetro, instrumento que mede intensidade, direção e sentido de campos magnéticos.

A implantação de um centro de pesquisas em saúde humana também recebeu o aval do Proinfra e, junto com a recuperação do centro de pesquisas biomédicas com primatas da universidade, receberá R$ 1,3 milhão. O outro projeto com cifra pouco superior a R$ 1 milhão refere-se à modernização e atualização da infraestrutura de biofísica molecular.

Biotecnologia

Na casa dos R$ 700 mil, há três projetos contemplados. Um deles, sobre psicologia com humanos, trata da conclusão da parte de infraestrutura e compra de equipamentos para laboratórios integrados de pós-graduação e pesquisa experimental na área. Os outros dois dizem respeito à biodiversidade brasileira. Um se concentra na conservação dos cerrados do Brasil Central, enquanto o outro refere-se a interfaces da saúde e biotecnologia por meio de pesquisa integrada.

Um laboratório de pesquisa integrada receberá ainda recursos da ordem de R$ 630 mil. Outro local de pesquisa, dessa vez específico para ressonância magnética nuclear e fornecimento alternativo de energia elétrica para o Instituto de Química da Universidade de Brasília, terá um aporte de R$ 172 mil. Para o presidente da Finep, Luis Fernandes, o Proinfra se consolida cada vez mais como uma fonte segura e anual de recursos para a pesquisa brasileira. ¿Essa regularidade permite que as universidades planejem os investimentos na melhoria da qualidade da pesquisa¿, disse Fernandes.