Título: Brasil acredita que ainda tem chances
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Fonte: O Globo, 09/11/2010, O Mundo, p. 26

Lula diz esperar de Obama "profissão de fé" para criar novos assentos permanentes no órgão

BRASÍLIA. O governo brasileiro considerou positivo e até comemorou o apoio público e declarado do presidente americano, Barack Obama, à candidatura da Índia a uma vaga permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Em viagem a Moçambique, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a posição americana não frusta as pretensões brasileiras de ter uma vaga permanente.

¿ Os EUA são apenas uma voz dentro de um conselho de cinco. Temos uma França que nos apoiava, a Inglaterra que nos apoiava, a China que nos apoiava. É só saber qual é o momento e qual reforma vamos fazer.

Perguntado se tinha ficado decepcionado, comentou: ¿ Não, pelo contrário. O Brasil defende a participação da Índia. A Índia faz parte do G-4, que é Brasil, Índia, Alemanha e Japão. Só espero que o presidente Obama faça agora deste compromisso que teve com a Índia uma profissão de fé e consiga, efetivamente, abrir o Conselho de Segurança para que outros possam participar.

Na avaliação da área diplomática, ao defender uma ONU mais adequada à realidade, Obama abandona uma postura de estagnação que paralisou as conversas sobre a reforma.

¿ Primeiro, os EUA desceram do muro e afirmaram que a reforma é uma coisa importante ¿ disse um embaixador brasileiro.

A reforma do Conselho de Segurança será debatida na Assembleia Geral da ONU na próxima quinta-feira, mas nenhuma decisão importante é esperada, já que a reforma eventual tem que ser aprovada pela assembleia.

O Brasil confia no acordo fechado com os demais países do G-4, que garante apoio mútuo na reforma do Conselho de Segurança. Pelo acordo, se os quatro países forem admitidos como membros permanentes, abrirão mão do direito de exercer o poder de veto nos primeiros 15 anos.