Título: Petistas defendem Palocci para a Casa Civil
Autor: Camarotti, Gerson; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 11/11/2010, O País, p. 11

Grupo fala em dobradinha com ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que assumiria Secretaria Geral da Presidência

BRASÍLIA. Setores do PT iniciaram um movimento em defesa da escolha do deputado Antônio Palocci (PT-SP) para ministro-chefe da Casa Civil no governo de Dilma Rousseff.

Ontem, o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas, verbalizou publicamente que essa é a preferência dele e de um grupo de petistas.

Vargas decidiu fazer essa defesa ao sair de uma reunião da bancada do PT na Câmara com o presidente do partido, José Eduardo Dutra.

Para Vargas, a melhor solução para preencher os principais cargos do Palácio do Planalto seria uma dobradinha de Palocci com o atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, na Secretaria Geral da Presidência. Segundo Vargas, o apoio ao nome de Palocci cresce dentro da bancada do PT na Câmara. Ele descartou o argumento de que a força política do ex-ministro da Fazenda poderia fazer sombra para a presidente eleita.

¿ Palocci é o melhor nome para a Casa Civil. Esse sentimento cresce na bancada. Ele foi o principal coordenador da campanha.

Fez a interlocução com o empresariado, cuidou da agenda e do financiamento de campanha.

Além disso, tem trânsito político com o Congresso. Mas sempre foi discreto. E ninguém ofusca a presidente Dilma. Palocci e Paulo Bernardo fariam uma grande dobradinha no Planalto ¿ disse o petista paranaense.

Já Dutra foi cauteloso em relação à pressão dos aliados em geral, e também às preferências dos petistas. Ao final da reunião com os deputados de seu partido, ele afirmou: ¿ Não há definição da presidente Dilma sobre a manutenção dos espaços dos partidos no próximo governo.

Dutra cumpria, na reunião, determinação da presidente eleita de evitar uma disputa pelo comando da Câmara entre PT e PMDB. Mas, ontem, os deputados petistas passaram a defender um novo critério que pode complicar ainda mais a sucessão nas presidências do Legislativo: incluir o Senado no acordo do revezamento entre os dois partidos.

Ou seja, o PT indicaria o presidente da Câmara para o primeiro biênio da legislatura que começa em fevereiro, enquanto o PMDB indicaria o presidente do Senado para o mesmo período.

Já nos dois últimos anos do mandato parlamentar, o PMDB comandaria a Câmara e o PT, que terá a segunda maior bancada de senadores, passaria a presidir o Senado.

¿ Temos que incluir o Senado nas negociações. Isso é democrático ¿ disse o deputado José Genoino (PT-SP).

¿ O PT e o PMDB têm de administrar a coalizão. E se for para fazer um entendimento na Câmara, temos que envolver o Senado ¿ reforçou André Vargas.

Pela proposta apresentada semana passada pelo atual presidente da Câmara e vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), o acordo só seria feito para a Câmara. Há um cuidado da equipe de transição para não contaminar as negociações pelos cargos no governo Dilma com a disputa no Congresso. Dutra foi cauteloso também em relação à proposta da bancada.

¿ Tanto na Câmara como no Senado queremos evitar a disputa entre os partidos da base aliada.