Título: No Itamaraty, humor peculiar é preocupação
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 14/11/2010, O País, p. 10

Irritabilidade é uma das características da presidente eleita

SEUL. Para o aparato do Itamaraty, tanto na escala em Frankfurt quanto em Seul, nada de anormal teve de ser pensado pelo fato de Dilma ser uma presidente mulher.

O que os chamados ¿itamaratecas¿ frisam, entretanto, é que há uma preocupação maior com o ¿humor peculiar¿ de Dilma Rousseff.

¿ O Itamar tinha esse humor peculiar. O Lula, apesar de mais aberto, também se irritava com facilidade ¿ observou um diplomata brasileiro.

Além de Dilma ser apresentada por Lula aos líderes mundiais, a viagem para a reunião de cúpula do G-20 serviu mesmo para os dois gastarem o longo tempo de viagem costurando os rumos do futuro governo e da composição ministerial. Assunto que ela retoma neste fim de semana e começa a decidir nos próximos dias.

Cresce chance de Mantega continuar na Fazenda

Ao longo da viagem, Dilma e Lula reforçaram a participação do ministro Guido Mantega, da Fazenda, como o condutor da negociação contra a guerra cambial nas reuniões dos 20 países mais ricos do mundo. Tanto as conversas longas de Dilma e Mantega durante o voo de primeira classe, na ida para a Coreia, quanto os afagos públicos feitos por Lula ao ministro em Seul foram gestos interpretados como sinais de que ele será mantido no cargo no próximo governo.

Durante a viagem também ganharam corpo especulações sobre o novo chanceler. Na equipe de Dilma, a troca de comando do Ministério das Relações Exteriores é dada como certa, embora o atual chanceler, Celso Amorim, tenha se aproximado muito de Lula nesses oito anos. A turma de Amorim no Itamaraty fez campanha pesada pró-Dilma durante as eleições. O mais cotado para o lugar de Amorim é o secretário-geral do Itamaraty, Antonio Patriota.

O embaixador Patriota encurtou o caminho de chegar ao posto por ter feito gestões, em Washington, para facilitar a entrada de Dilma no meio político americano quando era embaixador nos Estados Unidos.

Mesmo com a troca de comando, o que se espera no Itamaraty é que Dilma continue as reformas internas.