Título: Saúde de Sarney pode inviabilizar 4º mandato
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 14/11/2010, O País, p. 11

Garibaldi Alves está cotado para ser presidente do Senado

BRASÍLIA. Sarney já disse várias vezes publicamente que não está interessado em disputar a Presidência do Senado pela quarta vez, mas ninguém leva muito a sério suas declarações.

Aliás, foi com esse discurso que ele acabou conquistando o atual mandato, vencendo uma disputa com o senador Tião Viana (PT-AC). Nos bastidores, seus aliados garantem que ele só estaria aguardando uma sinalização positiva da presidente eleita, Dilma Rousseff, para assumir a condição de candidato.

Há quem acredite que a saúde frágil de Sarney ¿ que enfrentou recentemente uma crise de arritmia cardíaca e passou alguns dias na UTI ¿ possa inviabilizar os planos traçados por Renan Calheiros. Neste caso, o nome mais forte para a vaga seria o do senador Edison Lobão (PMDB-MA). O problema é que Lobão está mais interessado em garantir a renomeação para o cargo de ministro das Minas e Energia e administrar o futuro do pré-sal do que ficar no comando do Senado.

Correndo por fora está o senador Garibaldi Alves (PMDBRN), que já exerceu um mandato tampão de presidente do Senado após a renúncia de Renan em 2007. Apesar de não ser considerado ¿muito confiável¿ pelo Palácio do Planalto, há quem aposte que Garibaldi possa levar adiante sua candidatura com a ajuda da oposição e capitalizando o apoio de setores da base governista que possam ficar insatisfeitos com a composição do ministério de Dilma.

Bancada petista quer renovação na Casa

Cientes de que a presidente eleita precisará do PMDB para governar, nenhum senador petista deverá ousar vetar publicamente uma indicação de Sarney à reeleição. Mas durante o primeiro encontro formal entre a atual e a futura bancada do partido, vários parlamentares sinalizaram que gostariam de ver o sentimento de renovação vindo das urnas aplicado no Senado. A preocupação maior é que o Senado possa novamente mergulhar em uma crise interna, inviabilizando a discussão de temas relevantes para o país.

A bancada petista deverá se reunir na próxima quinta-feira para começar a tratar de forma mais objetiva da sucessão no Senado, da composição da futura Mesa Diretora e da reedição do bloco governista, que atualmente é formado por PT, PCdoB, PSB e PRB. Para garantir a primeira escolha para a Presidência das comissões permanentes, os petistas tentam atrair o PDT para esse bloco. De olho nessa movimentação, porém, o PMDB teria começado a negociar com o PTB a ampliação do bloco que compõe hoje com o PP.

Os petistas já teriam sinalizado que pretendem ficar com a primeira-secretaria do Senado, caso o PMDB fique mesmo com o comando da Casa. A vaga, que nos últimos anos vinha sendo ocupada pelo DEM, é responsável pela administração do orçamento da instituição.