Título: Economia aprofunda abismo populacional no estado
Autor: Bastos, Isabela; Magalhães, Luiz Ernesto
Fonte: O Globo, 14/11/2010, Rio, p. 30

Indústria do petróleo impulsiona inchaço de 8 municípios, enquanto outros 16 têm redução do número de habitantes

O consultor político James Carville nunca deve ter visitado Rio das Ostras ou Cantagalo.

Mas uma frase cunhada por ele em 1992, para a campanha do então candidato à presidência dos EUA, Bill Clinton, cabe como uma luva para o que vem acontecendo na demografia dessas cidades do interior do estado do Rio. ¿É a economia, estúpido!¿ ajudou a conduzir Clinton ao poder, ao explorar o desempenho econômico considerado ruim do governo Bush. Mas, a milhares de quilômetros de distância dos EUA, pode explicar o fenômeno de expansão ou retração populacional que diversos municípios registraram na última década, segundo dados preliminares do Censo 2010, do IBGE.

Capitaneados pela indústria do petróleo, pelo menos oito municípios da Região dos Lagos e do Norte Fluminense experimentaram uma explosão demográfica entre 2000 e 2010.

De tranquilo balneário nos anos 90, Rio das Ostras emergiu da contagem como o município que teve o maior percentual de aumento populacional no estado, pulando de de 36.419 para 101.508 habitantes ¿ um crescimento de quase 179%. O índice supera o crescimento do estado no período (5,48%) e até mesmo da Região Sudeste (7,24%).

A busca por mais empregos, melhores salários e qualidade de vida fez com que outras cid a d e s c o m o C a s i m i ro de Abreu (55,3%), Carapebus (51,6%), Maricá (51,4%), Búzios (48,5%), Macaé (46,8%), Quissamã (43,6%) e Saquarema (40,6%) seguissem a mesma linha.

Na ponta inversa, 16 municípios tiveram crescimento populacional negativo entre 2000 e 2010. Cinco deles estão no Noroeste Fluminense: Laje do Muriaé (-5,4%), Cambuci (0,6%), Natividade (-0,47%), Itaocara (0,48%), Italva (-0,67%) e Miracema (-0,28%).

Três cidades ficam na Região Serrana: Petrópolis (-3,04%), Cantagalo (-5,9%) e Santa Maria Madalena (-2,1%).

O dinamismo econômico das cidades que mais cresceram é destacado pelo secretário executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Alfredo Salomão.

Ex-coordenador da Escola de Políticas Públicas e Governo da Universidade Candido Mendes/ Iuperj, Salomão argumenta que, historicamente, o governo do estado não elaborou políticas públicas que estimulassem o desenvolvimento regional em áreas como o Noroeste e a Região Serrana.