Título: Contratações com carteira assinada tiveram queda de 17% em outubro
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 20/11/2010, Economia, p. 34

Apesar de desaceleração, 204 mil empregos foram gerados no mês passado

BRASÍLIA. O ritmo das contratações com carteira assinada caiu no mês de outubro, quando foram criados 204.804 empregos - o que representou redução de 17% frente a setembro. O saldo (diferença entre admissões e demissões) também ficou abaixo do registrado em igual período de 2009 (230.956), segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho divulgados ontem.

Os principais focos de desaceleração ocorreram na indústria da transformação e da construção civil, além da agricultura, que passa por período de entressafra. Apesar disso, o ministro da Trabalho, Carlos Lupi, afirmou que não houve acomodação do emprego e garantiu que o país fechará o ano com mais de 2,5 milhões de novos postos de trabalho.

Meta para 2011 é de três milhões de empregos

Foram criados até agora, em 2010, 2,4 milhões (resultado recorde), mas dezembro tradicionalmente registra saldo negativo devido às rescisões de contratos temporários de fim de ano. A avaliação é endossada pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco.

"O resultado manteve-se bastante forte, em linha com nossa avaliação de que o mercado de trabalho não deu sinais de desaquecimento", diz o boletim especial do banco, segundo o qual o saldo de outubro implica numa geração líquida positiva de 140 mil postos de trabalho em termos dessazonalizados, ligeiramente acima de setembro.

Para 2011, o ministro do Trabalho arrisca o número de três milhões de empregos formais, puxados pelos segmentos de serviços e de construção.

- A tendência não é de acomodação, é de crescimento. Vocês vão se surpreender - disse Lupi, citando o fim do processo eleitoral, que impõe barreiras a licitações de obras, e a segunda edição do programa Minha Casa Minha Vida, com a meta de construir dois milhões de residências.

O emprego com carteira assinada no mês passado foi puxado pelo setor de serviços, que respondeu por 86.207 contratações, seguido por comércio, com 81.347. A indústria de transformação registrou saldo de 46.923 e a construção civil, de 11.412.

São Paulo foi o estado que mais contratou em outubro

Já na agropecuária foram eliminados 24.616 postos de trabalho devido ao fim de safra no ramo sucroalcooleiro e no cultivo de café. Em função disso, três estados registraram saldos negativos: Goiás (-2.151); Acre (-447) e Tocantins (-185). São Paulo foi o estado que mais contratou, com saldo positivo de 55.377 empregos, seguido pelo Rio, com 19.571.

Em outubro, as maiores oportunidades de emprego apareceram nas regiões metropolitanas, que responderam por 108.247 postos e onde os segmentos de serviços e comércio estão mais aquecidos nesta época do ano, segundo o ministro.

Para manter o nível das contratações, ele defendeu que o governo brasileiro crie mecanismo para proteger a indústria nacional.

- Acho que é estratégico proteger a indústria nacional. Não podemos ser só um exportador de commodities - disse Lupi, diante do risco de desindustrialização apontado por setores da iniciativa privada, decorrente da sobrevalorização do câmbio e do aumento das importações.