Título: CVM investigou o PanAmericano em 2004
Autor: Rodrigues, Lino ; Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 20/11/2010, Economia, p. 36

Banco e um de seus principais executivos eram suspeitos em venda de fundos, mas fizeram acordo com autarquia

SÃO PAULO. O ex-diretor financeiro do PanAmericano Wilson de Aro e o próprio banco foram indiciados em processo administrativo pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2004. No processo, a instituição e seu executivo foram investigados por envolvimento em operações suspeitas de venda de fundos de investimentos em direitos creditórios a investidores não qualificados.

A operação envolveu o Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes), que na época subscreveu quotas de dois fundos administrados pelo banco do grupo de Silvio Santos. O inquérito só foi arquivado depois de duas tentativas de De Aro de fazer um termo de ajustamento com o órgão regulador do mercado brasileiro.

Em outubro de 2005, segundo publicação no Diário Oficial da União (DOU), o Colegiado da CVM aprovou o Termo de Compromisso e suspendeu o processo contra o PanAmericano e seu diretor. No acordo, o banco e De Aro informam que as quotas foram integralmente resgatadas e se comprometeram a patrocinar um curso de oito dias sobre Direito Societário e Mercado de Valores Mobiliários, direcionado ao treinamento dos funcionários da própria CVM.

De Aro agiu para proteger patrimônio pessoal

Um dos mais antigos executivos do PanAmericano, De Aro, que era diretor financeiro e de Relações Institucionais, tomou uma série de providências nos últimos dois meses para preservar seu patrimônio. Logo depois que o Banco Central identificou problemas nos balanços do PanAmericano, em meados de setembro, ele e a mulher, Marcia Regina, registraram o apartamento onde moram, nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, como "bem de família", o que torna o imóvel imune a decisões de penhora pela Justiça. A troca de registro, informada no Diário de Justiça de São Paulo no mês passado, ocorreu em 23 de setembro.

Ainda em setembro, no dia 30, o executivo iniciou uma série de movimentos envolvendo empresas familiares. Começou com a criação da GWM Administração e Participações, que tem sua mulher e uma filha como sócias. Em seguida, promoveu triangulações societárias entre a GWM, a Focus Consultoria Financeira e a Infocus Consultoria Financeira, empresas que ele próprio havia criado em 2005 e 2006. Por meio de uma quarta empresa, a M2GW, em 25 de outubro, ele transferiu R$3,1 milhões para os filhos na forma de doação.