Título: Estudantes vão recorrer à Justiça
Autor: Weber, Demétrio; Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 08/11/2010, O País, p. 4
Falhas nos cartões de resposta motivam reclamações e até queixa-crime
SÃO PAULO, RIO, SALVADOR e CURITIBA.
Alunos que marcaram as respostas erradas por causa da troca de disciplinas nos cartões do Enem ameaçam recorrer à Justiça.
As amigas Brenda Cruz e Caroline Oliveira, de 17 anos, que fizeram as provas ontem na Uninove, na Zona Oeste de São Paulo, contaram que durante o teste de sábado faltou orientação e atenção do fiscal sobre o cartão de resposta errado.
¿ Marquei errado no cartão de resposta e, se não resolverem, decidi que vou entrar com recurso ¿ disse Brenda, que pretende usar a pontuação do Enem para conquistar uma vaga no curso de Relações Internacionais da USP.
¿ Achei a prova razoável. O único problema foi o erro do cartão de resposta. O jeito vai ser recorrer caso não anulem as questões ¿ afirmou Caroline.
Em Salvador, a estudante Roberta Matos decidiu prestar queixa na polícia requerendo a anulação da prova.
¿ Foi um erro do MEC. Eu não posso ser prejudicada ¿ reclamou Roberta, que fez a prova numa escola do centro da capital baiana.
A estudante disse ter respondido 25 questões antes de ser alertada para o erro dos cabeçalhos e, a partir daí, revelou ter ficado intranquila, o que prejudicou o seu rendimento no exame. No sábado mesmo, ela prestou queixa na 1aDelegacia, que fica no Complexo Policial do Vale dos Barris, e pretende acionar o Ministério Público hoje.
Em Curitiba (PR), depois do erro constatado no dia anterior, fiscais de um dos colégios onde foi realizado o Enem orientavam ontem os candidatos a conferirem as provas antes de iniciar o exame. No sábado, os alunos receberam os cadernos de cor amarela, mas, no interior, constava no rodapé a cor branca, além de cartões de respostas com cabeçalhos trocados e questões repetidas.
O clima de insegurança e de desorganização desequilibrou o exame da estudante Verônica Graeser. Ela disse que cada fiscal decidia se contava ou omitia a informação sobre os cartões de resposta dos alunos e reclama que a orientação só veio depois de três horas do início da prova.
Bárbara Wurts, que fez a prova no campus da Uerj no Maracanã, contou que a fiscalização não foi tão intensa na sua sala: ¿ Eles até pediam para desligar o celular e guardar o relógio. Mas usei lápis na prova, e ninguém reclamou.