Título: Aliados vitoriosos listam pedidos a Dilma
Autor: Marqueiro, Paulo
Fonte: O Globo, 08/11/2010, O País, p. 10

Governadores reivindicam recursos para megaprojetos; Cabral já marcou conversa com presidente eleita e Lula

Passada a eleição, os governadores que saíram cacifados das urnas ensaiam agora a pressão para a liberação de recursos junto ao governo federal. Aliados de primeira hora do presidente Lula e da presidente eleita, Dilma Rousseff, Sérgio Cabral (Rio), Jaques Wagner (Bahia), Eduardo Campos (Pernambuco), Cid Gomes (Ceará) e Roseana Sarney (Maranhão) mantêm uma lista de reivindicações ao governo.

Cabral já marcou a conversa: depois de o Estado do Rio ter dado a Dilma Rousseff 60,4% dos votos, ele, seu vice, Luiz Fernando Pezão, e o prefeito Eduardo Paes desembarcarão em Brasília, na semana que vem, para um encontro com Lula e Dilma. Na bagagem, projetos e mais projetos. Os peemedebistas vão pedir a ajuda do governo federal para um pacote de obras orçado em R$ 20 bilhões, que visa a preparar o Rio para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Segundo Pezão, há pelo menos seis meses a equipe da exministra Dilma Rousseff vem conversando com técnicos do governo do estado sobre esses projetos. A ideia é detalhar o caderno de encargos das Olimpíadas e estabelecer o papel de cada esfera de governo diante da maratona de compromissos. A reunião ainda não tem data marcada, mas deve acontecer depois do dia 15. O encontro com Lula e Dilma já estava previsto mas, depois da vantagem de 1,7 milhão de votos para a petista no estado, ele ganha importância.

Para Pezão, a vitória de Dilma favorece os planos do Rio: ¿ O maior ganho para nós é que Dilma conhece todos os projetos relacionados à Copa e às Olimpíadas. Esses eventos têm dia e hora para começar.

Então, o fato de ela conhecer o caderno é uma vantagem.

Projetos em comunidades

Os R$ 20 bilhões seriam bancados pelo governo federal, pelo estado, pela prefeitura e pela iniciativa privada. Na lista de pedidos, está o PAC 2. As atuais obras, realizadas na Rocinha, no Complexo do Alemão e em Manguinhos ¿ e exibidas no programa eleitoral durante a campanha ¿ poderão se estender a comunidades como Mangueira e Cidade de Deus e aos complexos da Penha e da Tijuca. O projeto está orçado em R$ 5 bilhões.

¿ São cerca de dez a 12 projetos, em comunidades onde já estamos fazendo obras e também em outras ¿ diz Pezão.

¿ Deveremos anunciar ainda este mês as comunidades que serão beneficiadas.

Outro projeto de peso é a expansão do metrô para a Barra da Tijuca. A ligação entre a Praça General Osório, em Ipanema, e o Jardim Oceânico, na Barra, já foi iniciada pelo estado, mas segue em ritmo lento, à espera de financiamento.

Estima-se que a obra, anunciada pelo estado como compromisso para os Jogos de 2016, custe R$ 5 bilhões.

A reforma já iniciada do Maracanã, obra de R$ 700 milhões, também está no rol de Cabral, Pezão e Paes. O estádio será adequado às exigências da Fifa e ganhará uma nova cobertura. Outra intervenção prevê a urbanização do entorno do complexo esportivo, com a construção de passarelas e jardins e a duplicação de vias.

Na Baixada Fluminense, o governo pretende construir a TransBaixada, estrada de 12 quilômetros que ligará a Rio-Petrópolis à Via Light e servirá como uma espécie de dique para evitar as enchentes na área. A rodovia deverá margear o Rio Sarapuí, melhorando o escoamento do tráfego e impedindo a ocupação ilegal de suas margens. A obra custará R$ 360 milhões e deverá ser feita com financiamento da Caixa, segundo Pezão.

Outro projeto viário em negociação com o governo federal é a expansão da Via Light, estrada de 10,5 quilômetros que liga Nova Iguaçu à Pavuna. Ela será estendida até a Avenida Brasil, na altura de Guadalupe. A obra custará R$ 300 milhões.

O pacote inclui ainda a construção de uma vila olímpica, a compra de trens para a SuperVia e a implantação de corredores expressos de ônibus, os BRTs.

Na área ambiental, além de obras de saneamento e da complementação do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, o governo quer fazer o PAC 2 da Baixada, que prevê dragagem de rios e urbanização das margens. Pelos planos do estado, seriam investidos mais R$ 550 milhões na Baixada e R$ 220 milhões em São Gonçalo.