Título: Paulo Bernardo deve comandar a Casa Civil
Autor: Moreno* ,Jorge Bastos ; Camarotti , Gerson
Fonte: O Globo, 25/11/2010, O Pais, p. 9

No governo Dilma, Palocci assume a Secretaria-Geral da Presidência, e Edison Lobão volta para Minas e Energia

BRASÍLIA. Estão definidos os nomes dos dois principais ministros do Planalto: o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, na Secretaria-Geral da Presidência, e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, na Casa Civil. A cotação do ministro Fernando Haddad para permanecer na Educação está em 4,9, numa escala de 0 a 5. Já o senador Edison Lobão (PMDB-MA), que deixou o cargo para disputar as eleições, volta para a pasta de Minas e Energia. Ex-diretor da Caixa Econômica, Moreira Franco (PMDB-RJ) só não será ministro se a presidente eleita, Dilma Rousseff, quiser começar o mandato rompendo com seu vice, Michel Temer (PMDB-SP).

Com Palocci, a Secretaria-Geral não vai ser a mesma que foi com o ministro Luiz Dulci. Terá muitas funções políticas. O ex-ministro conseguiu "escapar" da pasta da Saúde, que não é de seu agrado.

Dilma desiste de viagem para concluir equipe

Dilma vai se dedicar nos próximos dias à definição do restante da equipe palaciana. Na sequência, decidirá sobre os novos titulares dos chamados ministérios de Estado - Justiça, Defesa e Relações Exteriores. Embora PMDB e PT já tenham apresentado a Dilma quase uma dezena de nomes, só numa terceira etapa, ela tratará dos ministérios políticos. Para cumprir esse roteiro, Dilma desistiu de acompanhar o presidente Lula em viagem à Guiana, para reunião da Unasul, União de Nações Sul-Americanas.

Para a Justiça, Dilma definiu que será o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP). Para a Defesa, o próprio presidente Lula já admite que o nome do atual ministro Nelson Jobim enfrenta resistências da presidente eleita. E para o Itamaraty, ainda está em fase de consultas.

A parte que demandará mais atenção e cautela da presidente eleita será na negociação com os partidos. Dilma já pediu que PT e PMDB entrem num entendimento para acabar com a disputa por cargos. Entre as pastas cobiçadas pelos dois partidos estão Saúde, Integração Nacional e até mesmo Cidades, que hoje pertence ao PP, além de Transportes, que hoje está em poder do PR.

Tanto petistas como peemedebistas já começaram a fechar listas. Alguns nomes já chegaram ao conhecimento de Dilma que começou a avaliar as demandas. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, já recebeu seu aval para permanecer no cargo. O mais provável é que os ministérios partidários sejam anunciados apenas na segunda semana de dezembro.

O PMDB acertou fazer duas indicações pela bancada da Câmara e outras duas pelo Senado. Um quinto nome será da cota do vice-presidente eleito, deputado Michel Temer, que sinalizou que vai indicar o ex-governador Moreira Franco.

Setores do PMDB sinalizaram a possibilidade de ceder o Ministério da Saúde para o atual ministro petista Alexandre Padilha (Relações Institucionais), desde que, em troca, fique com o Ministério das Cidades para Moreira Franco.

- O Padilha seria o único ministro petista na Saúde que teria forte aceitação na bancada do PMDB - disse o deputado eleito Danilo Forte (PMDB-CE).

No Senado, além de Lobão, o nome que cresce na bancada é do senador eleito Eduardo Braga (PMDB-AM). Internamente, Dilma sinalizou que gostaria de Braga no Ministério do Meio Ambiente. Mas o próprio PMDB resiste à ideia e já trabalha para tentar emplacá-lo nos Transportes, pasta que foi ocupada pelo seu desafeto político, o senador Alfredo Nascimento (PR-AM).

Já na Câmara, além da manutenção de Wagner Rossi, a bancada trabalha por um nome de consenso: o do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). Como é médico e nordestino, ele seria uma opção para a Saúde ou Integração Nacional. Para estatais, o PMDB gostaria de indicar derrotados: o senador Hélio Costa (MG) para Furnas e o deputado Geddel Vieira Lima (BA) para a Infraero.

No PT, também está sendo fechada uma lista de indicados por tendências, bancadas e estados. Fortalecido nas urnas, o PT da Bahia, com o governador Jaques Wagner à frente, deseja ficar com o Ministério da Integração Nacional. Os senadores gostariam de ter o senador eleito Wellington Dias (PT-PI) no Ministério das Cidades.

Também há um movimento para emplacar o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) na pasta da Educação, apesar da preferência de Dilma e Lula para que ele assuma a Previdência.

O ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, apesar de próximo de Dilma, deve comandar uma estatal. Já a deputada Maria do Rosário (PT-RS) e a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) são indicadas para o preenchimento da cota das mulheres.

(*)Publicado na Rádio do Moreno/Twitter