Título: Indefinicao na maioria das pastas aumenta apreensao entre os aliados
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 24/11/2010, O Pais, p. 4

PMDB diz que só PT já foi atendido; Mercadante pode ir para Previdência

MERCADANTE: ele gostaria da Educação, mas deve ir para Previdência

Gerson Camarotti, Geralda Doca, Eliane Oliveira e Luiza Damé

BRASÍLIA. A partir das primeiras definições na área econômica, a presidente eleita, Dilma Rousseff, terá que negociar com os aliados o espaço partidário nos demais ministérios. Já há um clima de apreensão na base, até porque ela viaja amanhã para a Guiana com o presidente Lula, para a reunião de cúpula da Unasul, e só voltará no fim de semana. Novas definições só devem ser anunciadas na próxima semana.

O senador Aloizio Mercandante (PT-SP) foi sondado pela equipe de Dilma para ocupar o Ministério da Previdência. Mas, segundo interlocutores, ele teria dito que prefere a pasta da Educação. A expectativa é que, se Dilma convidar Mercadante, ele tenderá a aceitar a Previdência ¿ a área ainda é uma incógnita, diante da indefinição sobre se o novo governo fará ou não uma reforma previdenciária.

Nelson Barbosa vira coringa do futuro Ministério

Outro nome cogitado para a pasta é o do secretário de Políticas Econômicas do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Pensado inicialmente para ser ministro da Fazenda, ele se tornou um coringa no tabuleiro das indicações do primeiro escalão.

¿ Até agora, todos os nomes da equipe econômica e do Palácio do Planalto são do PT. Falam que o PMDB quer tudo e que vai ficar com tudo. Mas, até o momento, o PMDB ainda não tem nada. Sendo que participamos da chapa de Dilma ¿ disse ontem o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).

Os nomes do PMDB ainda estão no campo da especulação: Moreira Franco, por exemplo, poderá ganhar o Ministério das Cidades, pasta ocupada por Márcio Fortes (PP). A oferta poderá ser feita se o PMDB não conseguir manter a Integração Nacional, e se o PP não se acertar sobre a manutenção de Fortes; o partido está dividido, com uma ala defendendo a indicação de Mário Negromonte (BA).

A pasta desperta a cobiça, devido à atuação forte no PAC, no Minha Casa Minha Vida e nas obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo. Outro nome citado para as Cidades é o do senador eleito Wellington Dias (PT-SP). Edison Lobão (PMDB) está praticamente garantido no Ministério de Minas e Energia.

Outra informação é a de que Dilma cogita nomear o presidente da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Alexandre Teixeira, que foi um dos coordenadores do programa de governo na campanha de Dilma e é um dos autores da política industrial do presidente Lula, chegou a ser cotado para a nova pasta voltada para micro e pequenas empresas.

Outro nome que circula em Brasília para o Ministério do Desenvolvimento é o do senador eleito Armando Monteiro (PTB-PE) ¿ mas é outro nome que não é discutido ainda na equipe de transição.

Dilma vem confidenciando que preferiria Antonio Palocci no comando da Saúde, mas que já considerava essa possibilidade fora de questão, ao perceber sinais de que ele prefere ficar no núcleo decisório palaciano. Dilma ainda precisa definir o lugar do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que sempre pensou para a Casa Civil.