Título: Clima: Brasil vai pressionar paises desenvolvidos
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 24/11/2010, Ciencia, p. 38

Negociador-chefe do país na Convenção do Clima diz que meta é obter acordo legal em Cancún

BRASÍLIA. Na avaliação do negociador-chefe do Brasil na Convenção Climática da ONU, embaixador Luiz Figueiredo, a próxima reunião, que acontecerá em Cancún entre 29 de novembro e 10 de dezembro, será uma tentativa de transformar as intenções políticas apresentadas em Copenhague em algo concreto. Isso porque as metas de redução de emissões apresentadas pelos países desenvolvidos, e que constam do Acordo de Copenhague, não têm peso jurídico. O Itamaraty admite que a expectativa em torno de uma decisão importante em Cancún é baixa.

¿ Nada leva a crer que temos condições de concretizar o que não foi possível em Copenhague. Por outro lado, temos consciência de que não podemos ficar parados. Nosso objetivo continua sendo cristalizar o compromisso dos países desenvolvidos num instrumento jurídico, mas você não cristaliza num mau momento ¿ reconheceu Figueiredo.

Segundo ele, a COP-16, é mais um passo na luta contra as mudanças climáticas, mas não a resposta final. A poucos dias do início do evento, uma das grandes questões que volta a surgir é a sobrevivência do Protocolo de Kyoto, que obriga os países ricos a limitarem suas emissões, mas expira em 2012.

¿ Não há a possibilidade de continuarmos a luta contra as mudanças do clima sem a continuidade do Protocolo de Kyoto. A perda de Kyoto significa ter que começar de novo a negociação de regras internacionais (climáticas), o que significa a perda de um tempo precioso diante da urgência do tema ¿ afirmou o embaixador.

Sobre os EUA, Figueiredo afirmou que os negociadores americanos garantem que o presidente Barack Obama está firme na decisão de implementar o compromisso de reduzir as emissões em 17% até 2020, comparado com 2005. Ainda que tenha de fazê-lo por regulação do Executivo, já que a lei climática que tramita no Congresso americano está emperrada.

Já o Brasil, disse, foi protagonista em Copenhague, e continuará sendo no México:

¿ Vamos para Cancún com a consciência de que estamos oferecendo algo sólido e eficaz no combate às mudanças do clima. E temos portanto autoridade para cobrar ações que sejam sólidas e eficazes.