Título: Após descanso, Dilma volta a Brasília para enfrentar apetite por ministérios
Autor: Camarotti, Gerson; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 16/11/2010, O País, p. 4

Presidente eleita receberá pedidos de aliados para pelo menos 16 pastas

BRASÍLIA. Na reunião que terá hoje com os coordenadores da equipe de transição, a presidente eleita, Dilma Rousseff, receberá uma lista para o loteamento de pelo menos 16 ministérios do seu governo entre os partidos aliados. Os pleitos foram apresentados pelas legendas nas últimas duas semanas ao presidente do PT, José Eduardo Dutra. Os petistas ainda não formalizaram seus pedidos, mas já emitiram sinais de que pretendem crescer em importância na Esplanada, onde já ocupam 19 pastas.

Ontem, após passar o feriadão em Porto Alegre, Dilma voltou para Brasília e foi direto para a Granja do Torto, onde vai morar até assumir a Presidência.

Lá, encontrou-se à noite com Dutra e o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo.

O PMDB, por intermédio do vice-presidente eleito, deputado Michel Temer (SP), pediu a manutenção das atuais seis pastas.

O Banco Central, comandado pelo neopeemedebista Henrique Meirelles, não entrou na lista, porque Dilma avisou que não aceitará indicações para pastas técnicas. Ainda estão blindados os chamados ministérios palacianos e os da área econômica.

Dilma já demonstrou que deseja fazer mudanças em cargos estratégicos para dar personalidade ao seu governo. Deve fazer substituições técnicas em pastas como o Gabinete de Segurança Institucional e os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, da Defesa e das Relações Exteriores.

¿ Lógico que Dilma precisa mostrar que o governo dela não é o do Lula para não passar a ideia de que é uma cópia. Ela tem que ter personalidade, e isso ficará evidenciado na montagem do Ministério. Mas ainda não há definições de nomes. Até o momento, as definições são conceituais ¿ disse o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT-BA).

O desejo dos peemedebistas é manter as pastas da Saúde, das Comunicações, de Minas e Energia, da Agricultura, da Integração Nacional e até a da Defesa, com Nelson Jobim, mas que não está na cota partidária. Segundo interlocutores de Dilma, a única possibilidade de o PMDB manter a Defesa seria no cenário de Temer assumir a pasta.

O PSB, que hoje tem o Ministério de Ciência e Tecnologia e a Secretaria de Portos, foi o único a não apresentar uma lista fechada para Dutra. Mas Dilma foi informada que o partido do governador Eduardo Campos (PE) quer ampliar espaço e ocupar uma pasta mais robusta, de preferência na infraestrutura.

O PCdoB pediu a manutenção do ministro Orlando Silva no Esporte, além de uma secretaria temática.

PSC e PRB exigem uma pasta para suas respectivas bancadas, que cresceram nas eleições de outubro. E até o PTB, que apoiou oficialmente o tucano José Serra, pediu o Ministério do Turismo para o senador eleito Armando Monteiro (PE).

O PDT quer a permanência do ministro Carlos Lupi no Trabalho ¿ que já articulou a defesa de seu nome com as centrais sindicais ¿, além de espaço maior nas estatais. O PR foi direto e apresentou o nome do senador Alfredo Nascimento (AM) para retomar o Ministério dos Transportes.

Já o PP indicou o nome do exlíder deputado Mário Negromonte (BA) para ocupar o Ministério das Cidades no lugar do atual ministro, Márcio Fortes.