Título: Forte demissão nas confecções
Autor: Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 11/07/2009, Economia, p. 19

Emprego industrial registra oitavo recuo consecutivo em maio. Além das fábricas de vestuário, segmentos de transporte e de máquinas foram responsáveis por dispensas

Fábrica de roupas: empresários reclamam da baixa demanda interna

A indústria do vestuário sentiu o baque da perda de mercado para países emergentes e da ininterrupta desvalorização do dólar frente ao real, que somente nos últimos seis meses perdeu 13,1% do valor de compra. Até maio, as baixas nesse setor refletiram em demissões de 10% em todo segmento produtivo quando comparado com o estoque de trabalhadores contratados em igual período de 2008.

¿E pode ficar ainda pior¿, reflete o presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah, sindicato que engloba as três mais importantes entidades de classe do setor vestuário do país. Dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que o setor foi um dos responsáveis pela queda de 1,1% no emprego industrial nos últimos 12 meses terminados em maio, pior resultado desde o início da série histórica, em 2001. Em maio, especificamente, a queda foi de 0,5% frente a abril, representando a oitava retração seguida na indústria.

O resultado também refletiu as sucessivas quedas na utilização da capacidade instalada e a baixa demanda no comércio nos primeiros meses do ano. O desempenho decorreu de um início de ano de ajustes nos estoques (interrupção da produção) e de queda na contratação. ¿O segmento do vestuário realmente sofreu bastante neste início de ano, e ajudou a fazer com que os números de todo o emprego na indústria fossem puxados para baixo¿, refletiu o economista André Macedo, da Coordenação de Indústrias do IBGE.

O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria de vestuário acompanhou os resultados do emprego nos demais setores e registrou redução em maio. Somente em Minas, esse indicador recuou 20,5% na comparação de maio deste ano com igual mês de 2008. Setorialmente, vieram baixas também emmeios de transporte (-11,5%), produtos de metal (-12,2%) e máquinas (-11,5%).

A folha de pagamento real dos trabalhadores na indústria teve aumento de 1,9% em maio quando comparada com a média paga em abril. Entretanto, o índice de média móvel trimestral (que mede os resultados dos últimos 90 dias terminados no mês pequisado) manteve-se em queda, de 0,4% em maio. ¿E só registrou alta na comparação com abril porque, em maio, houve pagamentos de bônus de participação nos lucros para os trabalhadores na indústria de extração mineral¿, detalha André Macedo.

O número 0,5% foi a retração do emprego industrial em maio frente a abril