Título: Enem: prova de domingo também pode ser repetida
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 17/11/2010, O País, p. 3
Teste será reaplicado apenas aos que tiveram problemas registrados por fiscais
OExame Nacional do Ensino Médio (Enem 2010) será reaplicado não só a participantes que receberam cadernos de questões do modelo amarelo com erros de impressão no primeiro dia do teste, mas a todos os estudantes que enfrentaram contratempos registrados em ata pelos fiscais, tanto no primeiro dia de prova, sábado, quanto no domingo. Em tese, isso valerá até mesmo para os candidatos que tiveram problemas com os cartões de resposta cujo cabeçalho estava invertido, além de eventuais problemas de saúde ou falta de luz durante o teste - desde que o caso não tenha sido solucionado a tempo e conste na ata elaborada pelos fiscais de prova.
O anúncio foi feito ontem pelo ministro Fernando Haddad, ao participar de audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. O MEC ainda não estabeleceu a data de realização das novas provas para quem foi prejudicado por falhas nas provas realizadas nos últimos dias 6 e 7. Segundo Haddad, isso será feito até o início da semana que vem. Em princípio, a nova prova ocorreria no fim de semana de 4 e 5 de dezembro, mas não há confirmação oficial.
Haddad quer mais de uma prova anual
Ontem, o ministro disse que a solução para os problemas do Enem é aplicar duas ou mais provas por ano - o que, segundo ele, reduziria o número de inscritos, ajudando a diluir os problemas de logística e segurança. Haddad aproveitou para antecipar outra medida em estudo no MEC e que deverá ser anunciada nas próximas semanas: as notas do Enem, que atualmente têm validade de um ano como substitutas do vestibular em universidades federais, passarão a valer por dois anos.
Assim, quem fizer o Enem naquele ano poderá usar o resultado para ingressar na universidade no ano seguinte, sem a necessidade de se submeter a outro exame. A decisão, porém, será de cada candidato, já que ninguém será impedido de participar de quantas edições do Enem quiser.
Haddad afirmou que o consórcio contratado para aplicar o exame, formado pela Fundação Cesgranrio e pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe), da Universidade de Brasília (UnB), está analisando 113 mil atas preenchidas pelos fiscais de prova. Esse levantamento indicará ao MEC a lista de participantes com direito a refazer a prova. Quem teve problemas no teste de sábado, de ciências humanas e da natureza, só deverá refazer as provas daquele dia.
O mesmo vale para eventuais problemas no teste de domingo. Isso significa que a reaplicação do Enem poderá ser concentrada num único dia, à exceção de casos excepcionais em que algum candidato tenha sido vítima de erros nos dois dias de aplicação do exame. Não há notícia de nenhum caso desse tipo.
- A orientação que foi dada ao consórcio é que todas as ocorrências passem por um pente-fino - disse o ministro, no encerramento da audiência. - Tudo o que for possível apurar objetivamente vai ser considerado. Qualquer ocorrência, não importa se do cartão.
Sindicância interna no Inep já começou
A princípio, o MEC havia divulgado que o exame só seria refeito por um grupo restrito de cerca de 2 mil participantes que receberam o caderno amarelo com questões duplicadas ou faltando, sem que os fiscais substituíssem a prova. Haddad disse que ainda desconhece o número de participantes que poderão refazer o exame, mas voltou a dizer que esse universo é de 0,1% do total de 3,4 milhões de candidatos. Durante a audiência, mencionou que esse número pode ser de 1,5 mil, 2 mil ou 3 mil pessoas.
O ministro admitiu que o erro de impressão dos cartões de resposta ocorreu no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pelo exame. Já o problema na impressão de 33 mil provas do modelo amarelo, das quais 21 mil foram distribuídas, foi assumido pela gráfica RR Donneley. As provas do Enem são iguais, mas, por motivo de segurança, são diagramados quatro modelos diferentes, em que as questões aparecem em ordens distintas.
- Que houve um erro interno ao Inep, houve, e o Inep está apurando - disse o ministro
Segundo ele, a sindicância interna que vai investigar o caso já teve início, com a solicitação de documentos à gráfica. O ministro disse que há no Brasil somente duas gráficas em condições de imprimir o Enem com segurança - a Plural, de onde foram roubadas as provas do ano passado, e a RR Donneley, que cometeu o erro de impressão em 2010. A contratação da gráfica do Enem é feita por licitação, mas não a do consórcio aplicador. Haddad defendeu o modelo:
- Não é verdade que o que é licitado é mais bem contratado do que o que não é, depende da natureza do objeto.
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