Título: Mínimo acima de R$540, só cortando investimento
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 17/11/2010, O País, p. 9

Aprovado ontem, texto preliminar do relator do Orçamento deixou valor final em aberto, aguardando negociações com as centrais

BRASÍLIA. Na tentativa de conter as pressões por um reajuste maior, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem que aprovar um salário mínimo acima de R$540 exigiria o corte de outras despesas, e citou especificamente os investimentos para 2011. Nas negociações internas, no entanto, o governo já decidiu adotar uma exceção à regra em vigor e já admite chegar a um valor de até R$560 para o mínimo a partir de janeiro. Além disso, segundo interlocutores do governo, pode ser adotado também um critério especial para reajustar os benefícios do Bolsa Família e dos aposentados que ganham acima do mínimo.

No Orçamento de 2011, em discussão e votações preliminares na Comissão Mista de Orçamento (CMO), já foi reservado R$1 bilhão para garantir um reajuste para os benefícios do Bolsa Família. No caso dos aposentados que ganham acima do piso, se o mínimo ficar em R$560 (um reajuste de 9,8% em relação aos R$510 atuais), eles terão 80% desse índice.

Ontem à noite foi aprovado relatório preliminar do relator geral, Gim Argello (PTB-DF), que garantiu recursos iniciais para um mínimo de R$540, mas deixou o valor em aberto - aguardará as negociações do governo com as centrais sindicais.

A área econômica aceita um mínimo de R$550, o que causaria impacto de cerca de R$3,4 bilhões acima do previsto originalmente. Mas a ideia é chegar a R$560 como forma de agradar às centrais sindicais, que querem R$580. Os R$600 propostos por PSDB e DEM seriam inviáveis e foi criticado ontem por Paulo Bernardo.

- Vamos ter que cortar gastos em alguma coisa. Fatalmente investimentos seriam o primeiro lugar... E o PAC e o Minha Casa, Minha Vida terão R$44 bilhões. Isso significaria transformar em despesas correntes os investimentos. Seria massacrar os investimentos - disse Paulo Bernardo.