Título: Casa Civil prorroga pela segunda vez prazo de investigação sobre Erenice
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Fonte: O Globo, 17/11/2010, O País, p. 10

Comissão terá mais 20 dias para analisar acusações contra ex-ministra

BRASÍLIA. A Casa Civil prorrogou por mais 20 dias o prazo para conclusão dos trabalhos da comissão que investiga o suposto tráfico de influência que envolve a ex-ministra Erenice Guerra. O decreto da prorrogação foi publicado no Diário Oficial da União de ontem. Segundo a Casa Civil, a comissão, constituída por três servidores de carreira - um da Controladoria Geral da União (CGU), outro da Advocacia Geral da União (AGU) e um terceiro da própria Casa Civil -, precisará de mais tempo para analisar os documentos que lhe foram enviados e, depois, finalizar o relatório.

Essa é a segunda prorrogação da investigação, que começou em 17 de setembro. No dia 18 de outubro, outra portaria prorrogou o prazo por mais 30 dias; agora, o novo documento estabelece mais 20 dias.

Erenice facilitaria negócios de filho e outros parentes

A comissão investiga se Erenice teria facilitado negócios em benefício da empresa de seu filho Israel Guerra. A Capital Assessoria foi acusada de pedir propina para facilitar a concessão de um empréstimo de R$2,25 bilhões do BNDES para uma empresa de Campinas, interessada em construir uma usina de energia solar no Nordeste.

O empréstimo, porém, não foi concedido. A mesma Capital teria facilitado a renovação do contrato da MTA Linhas Aéreas com os Correios. Cinco contratos foram firmados, no valor total de R$59,8 milhões, sendo um deles com dispensa de licitação. Outros parentes da ex-ministra também mantiveram vários cargos no governo e foram acusados de se valerem da posição privilegiada de Erenice para facilitar negócios.

Erenice assumiu a Casa Civil em abril, após Dilma Rousseff ter deixado o cargo para concorrer à Presidência da República. A sucessora de Dilma pediu demissão em 16 de setembro. A Comissão de Ética da Presidência já puniu Erenice com uma censura ética por ela não ter apresentado, como manda a lei, sua declaração de bens quando assumiu o cargo de ministra. Essa sanção vale por três anos e constará de sua ficha funcional se ela quiser assumir novos cargos no serviço público.