Título: Especialistas criticam investimento em refinarias
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 19/11/2010, Economia, p. 37

Argumentos são ambientais e econômicos

A decisão da Petrobras de aumentar os investimentos na expansão da capacidade de refino continua a gerar polêmica. Para o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, os projetos de construção de cinco refinarias nos próximos anos deveriam usar conceitos novos, com estímulo a fontes mais limpas, como os biocombustíveis.

- As refinarias são necessárias, mas poderiam usar conceitos mais modernos, como uma refinaria acoplada a uma unidade de produção de biocombustíveis - destacou Pinguelli, que propõe ainda a adoção de políticas de estímulo a transportes ferroviários e marítimos, o que reduziria a dependência dos derivados de petróleo.

Anteontem, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, defendeu os investimentos da estatal na atividade de refino, tomando por base o consumo recorde de combustíveis no país este ano. A Petrobras prevê investir US$64,8 bilhões até 2014, dos quais 41% na expansão do refino. Estão previstas cinco refinarias: Abreu Lima (PE); Comperj (RJ); Premium I (MA); Premium II (CE); e a ampliação da refinaria Clara Camarão (RN).

O especialista Adriano Pires Rodrigues afirma que é excessivo o número de refinaria. Para ele, apenas uma refinaria no Nordeste se justificaria, a Abreu Lima:

- Em termos econômicos, a margem de lucro na atividade de refino é menor do que a margem de lucro na exploração e produção de petróleo. Não faz sentido deixar de aplicar esses recursos na exploração do pré-sal.

Pires diz ainda que não haveria problema em exportar petróleo cru e importar alguns derivados.

- Refinaria é uma indústria do século passado. Nenhum país está construindo novas refinarias, elas têm um passivo ambiental grande. É preciso desenvolver energias mais limpas para gradualmente substituir o petróleo.

Já o advogado especialista em petróleo e gás Heller Barroso aprova a política da Petrobras de aumentar a capacidade de refino. Para Barroso, os derivados têm um custo maior, e seria um risco o Brasil se tornar, novamente, um forte dependente das importações desses produtos.

- Existem novas tecnologias que reduzem cada vez mais o impacto ambiental das refinarias. Além disso, a construção dessas unidades não impede o desenvolvimento de fontes sustentáveis. (Ramona Ordoñez)