Título: No Congresso, pressão para gastar mais
Autor: Jungblut, Cristiane; beck, Martha
Fonte: O Globo, 26/11/2010, O País, p. 9

Manobra fiscal de 2010 não poderá ser repetida ano que vem

BRASÍLIA. Mesmo com todas as medidas pensadas pela equipe econômica, o desafio de fechar a equação das contas públicas permanece. O governo terá que fazer um superávit primário (economia de dinheiro para o pagamento dos juros da dívida pública) equivalente a 3% em 2011. Levando-se em conta o atual cenário, será preciso cortar muito para cumprir essa meta.

Este ano, a equipe econômica teve que fazer uma manobra fiscal inédita para turbinar as receitas. Usou a operação de capitalização da Petrobras para obter R$32 bilhões. Sem ela, o superávit primário estaria em 2,1% do PIB: a meta de 2010 é de 3,1%. Em 2011, a manobra não poderá mais ser feita. Por isso, para fechar a conta dos R$45 bilhões, em fevereiro ou março será feito mais um corte no Orçamento de pelo menos mais R$20 bilhões.

Os desejos da nova equipe esbarrão nas pressões no Congresso. Ontem, o representante do governo nas negociações do Orçamento, deputado Gilmar Machado (PT-SP), alertou os parlamentares:

- A nova ministra do Planejamento (Miriam Belchior) e o Ministro da Fazenda colocaram que o governo vai continuar a atual política econômica. Em momento algum, vai se colocar gastos que não podemos pagar. A crise é séria na Europa.