Título: Desemprego cai para 6,1%, o menor em 8 anos
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 26/11/2010, Economia, p. 31

Renda média, de R$1.515, também bate novo recorde. Analistas já veem desocupação de 5% em dezembro

Mais uma vez, os números do mercado de trabalho apresentaram resultados recordes. Em outubro, a taxa de desemprego das seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 6,1% - a menor dos últimos oito anos, informou ontem o IBGE. Esta taxa foi considerada estável frente a observada em setembro (6,2%), segundo o instituto. Com isso, o país ficou com 1,4 milhão de desocupados nessas regiões, número estável em relação a setembro, mas uma queda expressiva (de 17,6% ou menos 309 mil pessoas a procura de trabalho) na comparação com outubro de 2009.

Para especialistas, a taxa de desemprego deve cair ainda mais em novembro e ficar em torno de 5% em dezembro.

- Apesar de a taxa apontar para uma estabilidade, o que se percebe é uma população ocupada que cresce, renda em alta e aumento da formalização - disse Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, acrescentando que o nível de ocupação (parcela da população em idade ativa ocupada) também é recorde, em 53,1%. - Além disso, a média de janeiro a outubro da taxa de desocupação está em 7%, bem abaixo da do mesmo período de 2009, que foi de 8,3%.

A renda dos trabalhadores também foi recorde. Em outubro, o rendimento médio real ficou em R$1.515,40, alta de 6,5% frente a outubro do ano passado. A massa de rendimento médio real habitual (total dos ganhos de todos os trabalhadores) somou R$34,3 bilhões em outubro de 2010, com alta de 0,8% em relação a setembro e um salto de 10,8% sobre outubro de 2009.

- Num momento em que a economia mundial ainda se recupera da crise financeira global, o dinamismo da economia brasileira se dá pelo mercado interno, que fica mais fortalecido com o aumento da renda - disse Roberto Gonzalez, especialista da Coordenação de Trabalho e Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Gonzalez cita ainda que há expansão na ocupação dos trabalhadores. Em outubro, a população ocupada totalizava 22,3 milhões, o que é um aumento de 3,9% no confronto com outubro do ano passado (ou mais 841 mil postos de trabalho no período de um ano).

Comércio puxa abertura de vagas em outubro

Segundo o IBGE, na comparação mensal, o contingente de ocupados permaneceu estável em todos os grupamentos de atividade, exceto no setor de comércio, que inclui o varejo de combustíveis e ainda a reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos, com alta de 2,5%.

- O comércio criou num mês 101 mil postos de trabalho, mas ainda é cedo para dizer que já são os contratados (temporários para o fim do ano). Já a indústria abriu 92 mil vagas no ano. Isso acontece porque a recuperação na indústria acaba sendo mais lenta e gradativa mesmo. O setor de serviços prestados às empresas também traz bons números - disse Azeredo.

O mercado de trabalho ficou mais formal também. A pesquisa do IBGE mostra que o número de trabalhadores com carteira assinada (10,3 milhões) ficou estável na análise mensal, mas, na comparação anual, cresceu 8,4% (ou mais 805 mil postos de trabalho com carteira assinada).

- O mercado de trabalho brasileiro está com mais qualidade - afirmou o especialista do Ipea.

Segundo Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, novembro deve apresentar uma taxa de desemprego ainda menor e dezembro, por sua vez, deve apresentar uma taxa em torno de 5%.

- A economia ainda está muito aquecida, especialmente o setor do varejo. O segmento se favorece da renda e ainda do crédito.

Mercado de trabalho pressiona inflação

Para Velho, o mercado de trabalho - que coloca mais renda e força para o mercado interno - pressiona a inflação e deve continuar fazendo essa pressão. Segundo ele, o Banco Central (BC) deveria elevar a taxa básica de juros Selic em janeiro:

- Mas acho que essa decisão só deve ficar mesmo para março - disse Velho.