Título: Dívida pública sobe em outubro, para R$1,64 tri
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 26/11/2010, Economia, p. 35
Alta do endividamento federal foi puxada por emissão de R$3,4 bilhões em títulos e juros de R$15,4 bilhões
BRASÍLIA. A dívida pública federal voltou a subir em outubro e fechou o mês passado em R$1,644 trilhão. O estoque sofreu um aumento de 1,15%, ou R$18,8 bilhões em relação a setembro. Os principais responsáveis por essa elevação foram uma emissão líquida de papéis de R$3,4 bilhões e a apropriação de juros que corrigem o estoque, de R$15,4 bilhões.
Considerando apenas a dívida no mercado interno, o valor registrado em outubro foi de R$1,552 trilhão, alta de 1,19% sobre o mês anterior. Já a dívida externa subiu 0,49% e ficou em R$92,21 bilhões, ou US$54,2 bilhões.
De acordo com relatório divulgado ontem pelo Tesouro Nacional, a participação de títulos prefixados no endividamento caiu em outubro, passando de 36,07% em setembro para 35,4%. Isso porque houve um resgate líquido de papéis no montante de R$9,27 bilhões. Já os títulos corrigidos pela Taxa Selic subiram de 30,91% para 31,46%. E os papéis indexados a índices de preços passaram de 26,53% para 26,78%.
Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, outubro mostrou o impacto da elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de capital estrangeiro no Brasil. A participação dos investidores de outros países no total subiu apenas R$1,2 bilhão no mês.
Percentualmente, essa participação caiu de 10,23% para 10,19%, o que mostra um efeito estatístico, pois o estoque cresceu no período.
- Os números refletem o impacto do IOF. Houve menor participação dos estrangeiros nos leilões de títulos da dívida pública. No entanto, a tendência de médio e longo prazos é que esses investidores continuem aumentando sua participação na dívida. Quem deve sair são aqueles aplicadores de curto prazo, pois a tributação mais alta reduz sua rentabilidade - disse Garrido.
Ele afirmou que a turbulência na União Europeia e as trocas na equipe econômica do próximo governo reduziram levemente o apetite dos investidores pelos títulos brasileiros de longo prazo.