Título: Presença de militares muda a paisagem na região da Penha
Autor: Costa, Ana Claudia
Fonte: O Globo, 27/11/2010, Rio, p. 22

Paraquedistas chegam para garantir a segurança no entorno do Alemão

Caminhões, blindados, homens com roupas camufladas, fuzis e metralhadoras .50. Desde as 14h de ontem, a paisagem no entorno dos complexos da Penha e do Alemão foi mudando e se tornando verde oliva. Uma tropa de 800 paraquedistas do Batalhão de Infantaria desembarcou ontem para ocupar 44 acessos das favelas dessa região. Antes de entrar nos morros, a tropa ouviu atenta as orientações dadas pelo comandante do 1º Comando de Patrulhamento de Área (CPA), que já comandou o batalhão da região.

Carros serão revistados nas entradas do morro

Parecia até um filme de guerra com as tropas perfiladas e homens desembarcando aos poucos em locais estratégicos. Em fila indiana, os militares, armados de fuzis, iam tomando seus pontos nas esquinas até a entrada da Vila Cruzeiro e de lá até o Complexo do Alemão.

Segundo o comandante da Brigada de Infantaria Paraquedista (BIP), general Fernando Sardenberg, a tropa vai operar apenas nos acessos dos complexos do Alemão e da Penha. Ao todo, são 800 homens, com 40 viaturas entre caminhões, caminhonetes e carros e cinco blindados do tipo Urutu, equipados com metralhadoras .50 e capacidade para 11 homens.

O comandante dos paraquedistas disse que, a princípio, seus homens não iriam trocar tiros com traficantes. Na chegada para ocupação nas entradas da Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, o grupo foi recebido a tiros, mas não houve revide. Os homens, então, foram ocupando cada esquina desde a Avenida Itaoca até a Estrada do Itararé, em Ramos.

Segundo o general Fernando Sardenberg, o Exército está respeitando a estratégia traçada pela Polícia Militar. Ele explicou que, dos 44 acessos patrulhados pela tropa, a entrada e saída de carros do morro só será permitia em cinco, mesmo assim, com inspeções. Nas outras entradas somente pedestres poderão passar. A intenção, segundo o general, é impedir que traficantes deixem a comunidade e que entrem nesse local armas, drogas ou munições. As patrulhas contarão com a participação de agentes das polícias Federal e Militar.

Com experiência em combates no Haiti, o general carioca disse que as táticas de combate no país caribenho são parecidas.

- O combate é semelhante em várias situações, só que, no Rio de Janeiro, cidade em que nasci, é mais preocupante. Mas nós vamos ganhar essa guerra - disse.

A maioria dos militares da brigada de paraquedistas que chegaram ontem para cercar o Complexo do Alemão já tem experiência em confrontos. Cerca de 60% atuaram no Haiti, prestando socorro também após o terremoto que atingiu o país.