Título: Unasul aprova pacote antigolpe
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 27/11/2010, O Mundo, p. 56

Lula pede desculpas por atraso do Congresso em ratificar presença do Brasil

GEORGETOWN, Guiana. Alegando a necessidade de punir países que atentarem contra a democracia, os presidentes da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) aprovaram ontem um pacote de medidas antigolpe aplicável aos membros do bloco. Reunidos na Guiana, os líderes do grupo criaram uma cláusula no estatuto da entidade determinando sanções como a limitação de comércio, o fechamento de fronteiras terrestres e a suspensão de operações aéreas em países que sofrerem ou promoverem golpes de Estado.

O projeto foi apresentado em outubro passado, durante a última reunião da Unasul, em Buenos Aires, quando os países-membros expressaram apoio às demandas do presidente do Equador, Rafael Correa, que enfrentava uma sublevação de policiais inconformados com o fim de alguns benefícios - episódio classificado pelo governo de Quito como tentativa de golpe.

Segundo as novas determinações, em caso de ameaça à democracia na região, os chefes de Estado se reunirão extraordinariamente e, por consenso, aplicarão as sanções necessárias. Os membros da Unasul também se comprometem a pressionar outros órgãos multilaterais para evitar o reconhecimento de governos gerados através de um golpe de Estado.

Em sua despedida da Unasul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu desculpas aos colegas porque o Congresso ainda não ratificou a entrada do Brasil na instituição. Segundo ele, apesar do apoio, o projeto não teve quórum para ser votado por causa das eleições.

- É apenas uma questão de dias. Se tivermos algum problema neste ano, certamente, no começo do mandato, a Dilma vai ter muito mais facilidade de votar as coisas porque nossa maioria agora é mais folgada nas duas Casas - assegurou Lula, aplaudido de pé.

Um dos objetivos da cúpula da Unasul era eleger um substituto para o líder do bloco, o ex-presidente argentino Néstor Kirchner - morto no mês passado - mas ainda não há consenso sobre o assunto. O nome do chanceler Celso Amorim foi lembrado, mas ele afirmou que não tem interesse no cargo.

- Não me sinto à vontade. Prefiro trabalhar dentro do Brasil - declarou.