Título: Bingos: acordo permite votar a legalização
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 01/12/2010, O País, p. 12

Grupo de deputados tranca pauta para forçar a apreciação do piso nacional para policiais

BRASÍLIA. Líderes dos partidos da base governista e da oposição fecharam ontem uma pauta alternativa de votações na Câmara, que inclui a apreciação do projeto de legalização dos bingos. Mas a primeira tentativa de votação fracassou ontem, diante do impasse em torno da votação da PEC 300, que prevê a criação de um piso salarial nacional para policiais. Sem acordo, o vice-presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), desistiu de convocar à noite sessão extraordinária para a votação da pauta alternativa. Hoje, haverá uma nova tentativa de acordo.

Para sensibilizar os deputados, o governo concordou com a votação do projeto dos bingos. Em contrapartida, seriam votadas as regra de exploração do pré-sal, de interesse do governo, e propostas reivindicadas pelos governadores: a prorrogação de mecanismos da Lei Kandir e do Fundo Nacional de Combate à Pobreza.

Os partidos concordaram, mas parlamentares como Miro Teixeira (PDT-RJ) avisaram que irão obstruir a pauta acordada, porque querem a votação da PEC dos Policiais.

- O governo e o PT concordam em votar o pré-sal e a Lei Kandir e depois as propostas do Fundo de Combate à Pobreza e da legalização dos bingos, mas, neste caso, sem compromisso com o mérito. O problema é que alguns querem votar o Código Florestal, e o governo não quer votar nem o código nem a PEC dos Policiais - disse o deputado José Genoino (PT-SP).

O líder do PSDB, João Almeida (BA), endossou a pauta:

- Não há apoio para a votação da PEC 300, mas há outros projetos de muita importância, de interesse dos estados.

Até mesmo o líder do PDT, deputado Paulo Pereira da Silva (SP) - um dos principais defensores da PEC 300 -, concordou em deixar o assunto de lado, pois quer votar bingos.

- Concordo e sugeri que se crie uma comissão para discutir a questão da segurança pública. Isso daria uma certeza para os policiais de que não vamos enrolar. Não há mais clima, não tem mais gente apoiando a PEC 300 - disse Paulinho, que é também presidente da Força Sindical.

Mas o problema é que os deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Miro Teixeira (PDT-RJ), entre outros, prometem obstruir as votações se a PEC 300 não for colocada em votação. Os dois sustentaram a posição, e a sessão articulada de acabou suspensa.